O vereador Vile (PL), autor do projeto que pretende proibir a contratação, com recursos públicos, de shows e artistas que façam apologia ao crime ou ao uso de drogas, rebateu as críticas que recebeu durante
“Na verdade, isso aí é audiência reborn, audiência falsa. Na verdade, não tem censura nenhuma. O que a gente tem é um projeto que impede financiamento público da Prefeitura de Belo Horizonte para cantores que façam apologia ao crime organizado a facções criminosas”, afirmou.
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“Não é possível que a gente tenha uma audiência pública na Câmara de Belo Horizonte para a gente poder pegar com dinheiro público, que tinha que ir para a saúde, educação, segurança, para a gente pagar artistas que façam apologia ao crime organizado a facções criminosas dentro de Belo Horizonte”, disse.
Sobre o projeto que pretende proibir a reprodução de músicas com “conteúdo sexual, vulgar, obsceno, com apologia às drogas, expressões de sentido dúbio, incitação ao crime ou conteúdo degradante explícito”, do qual é autor junto com a vereadora Flávia Borja (DC), Vile disse que pretende combater letras que promovem mensagens inadequadas nas unidades de ensino.
“A gente vê muitas escolas, crianças cantando músicas de baixo calão. Eu tenho diversos materiais de crianças dentro da escola cantando músicas de baixo calão, que falam de pornografia, de arma, de violência, de abuso contra a mulher. Eles não são tão contra o abuso quanto contra a objetificação da mulher? Então a gente vê crianças cantando isso dentro da escola e isso às vezes sendo ensinado dentro da escola. A única coisa que eu quero impedir é que isso seja tratado dentro da escola”, finalizou.
Djonga questiona capacidade cognitiva de vereador
Ao ser perguntado sobre o posicionamento de Vile, o rapper Djonga, que participou da audiência pública nesta terça-feira (27), afirmou que falta entendimentos básicos por parte do parlamentar sobre o que são produções artísticas e seus significados.
“Com minha música, eu estou contando uma história bem simples. É igual quando você assiste o filme do Rambo, o filme conta a história do Rambo matando um tanto de gente. Em outro filme, o Leonardo DiCaprio é um senhor de escravos. E não quer dizer que o Tarantino quer a volta da escravidão. Mas eles querem prender o Oruam, eles querem prender o Djonga, porque estamos contando uma história”, explicou Djonga.
“Eu fico até preocupado em pensar na capacidade cognitiva do vereador e da galera dele de conseguir entender que uma obra de arte é uma obra de arte. Apesar dele gostar ou não, isso é direito dele. Do mesmo jeito que eu também não gosto de vários outros estilos de música, não gosto de várias pinturas e de vários filmes. Falta capacidade cognitiva, talvez, para entender que aquilo é uma história que está sendo contada”, afirmou o rapper.
Djonga avaliou ainda que atitudes como a dos vereadores Vile e Flávia Borja buscam sempre a criminalização da cultura negra e da periferia. “Isso tudo sempre é ligado ao povo preto, tá ligado? Você não vê ninguém destruindo a igreja, sabe? Você não vê uma pessoa entrando em uma igreja e quebrando tudo. Pode ser que tenha acontecido alguma hora ou outra, mas são exceções. Mas você vê terreiros sendo destruídos. Você vê a nossa religião, as religiões de matriz afro-brasileira sendo perseguidas. Então, de um modo geral, a perseguição sempre é para o lado de cá”, disse.