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Governos de GO, RJ e RS desmentem Simões e dizem que avaliam adesão ao Propag

Vice-governador de Minas Gerais disse, durante audiência, que estados não negociavam ou desistiriam da adesão ao Programa de Renegociação de Dívidas após vetos de Lula

Vice-governador Mateus Simões participou de audiência na ALMG sobre o Propag

O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), foi desmentido pelos governos dos estados de Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul sobre a adesão ao Propag, o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados com a União.

Simões afirmou, durante a audiência onde apresentou os projetos do governo de Minas para aderir ao programa, que os três estados desistiram ou não estavam negociando a entrada na renegociação.

“Quando o presidente Pacheco fez essa proposta, ele disse que todos precisam mirar na amortização de 20%, ou não valeria a pena. E ele tinha tanta razão que Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul não estão negociando o Propag, Goiás já desistiu, e o único estado que está negociando esse programa é Minas Gerais. Isso se deve aos vetos de Lula”, afirmou Simões na audiência, citando os três estados que, assim como Minas, estão sob as regras do Regime de Recuperação Fiscal e têm no Propag uma alternativa para renegociar os débitos.

A reportagem da Itatiaia procurou o governo dos três estados para saber como estavam as articulações para aderir ao programa e nenhum deles confirmou que não negociava ou havia desistido. Em nota, os executivos demonstraram interesse em aderir ao Propag, mas disseram aguardar etapas específicas, como regulamentação federal, derrubada de vetos ou finalização de propostas legislativas.

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Confira o posicionamento de cada estado:

Goiás:

“Goiás mantém o interesse em aderir ao Propag. O Estado já está em fase avançada de preparação para a adesão. Nos próximos dias, os projetos de lei autorizativos serão encaminhados à Assembleia Legislativa. A proposta está sendo finalizada pela equipe técnica da Secretaria da Economia, em diálogo com a Secretaria do Tesouro Nacional. A expectativa do governo estadual é concluir todas as etapas legais e negociações até setembro ou outubro deste ano”.

Rio de Janeiro:

“O Governo do Estado do Rio de Janeiro é um defensor do Propag desde a sua concepção, pois entende que o programa cria um modelo sustentável de pagamento da dívida com a União.

O governador Cláudio Castro confia na derrubada dos vetos presidenciais à lei que cria o Propag, o que vai viabilizar a adesão do Estado. Em paralelo à articulação no Congresso Nacional para a derrubada dos vetos, o Estado está estudando a lei e a regulamentação do Propag para elaborar a proposta de adesão ao programa, que será encaminhada à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj)”.

Rio Grande do Sul:

“A adesão do Rio Grande do Sul ao Programa de Pleno Pagamento de Débitos Negociados com a União (Propag) está condicionada à finalização da regulamentação do programa, que segue em elaboração pelo governo federal. Somente após a conclusão dessa etapa é que o governo estadual dará prosseguimento à análise formal sobre os impactos e a viabilidade da adesão.

A Secretaria da Fazenda do RS tem acompanhado de perto a construção da regulamentação e já vem mantendo contato com os órgãos envolvidos para aprofundar os pontos que geram dúvidas ou exigem maior clareza técnica e jurídica. Ontem (08/05), o secretário adjunto da Fazenda, Itanielson Cruz, e técnicos da pasta estiveram em Brasília, no Ministério da Fazenda, justamente para tratar desse tema. A previsão é de que as dúvidas remanescentes sejam apresentadas formalmente na próxima semana.

Como destacado recentemente pelo governador Eduardo Leite durante agendas em Brasília, os principais pontos que preocupavam o Estado em relação ao programa foram encaminhados. A partir da publicação da regulamentação definitiva, a equipe técnica da Fazenda fará uma análise criteriosa sobre os impactos da eventual adesão, especialmente em relação ao equilíbrio das contas públicas, à sustentabilidade fiscal e à segurança jurídica.

O Rio Grande do Sul mantém diálogo aberto com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e com os demais estados interessados, buscando construir um encaminhamento conjunto que seja positivo para o futuro do Estado”.

Os vetos de Lula

O Propag, programa paralelo de renegociação das dívidas do estados com a União, foi articulado em Brasília pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD) e sancionado pelo presidente Lula (PT) no dia 13 de janeiro com vetos. Um dos trechos vetados é a possibilidade de que estados que tiveram o pagamento da dívida adiado em razão de calamidades públicas, caso do Rio Grande do Sul, não precisassem fazer aportes no Fundo de Equalização Financeira, mas recebessem os recursos mesmo assim.

Também foram vetadas:

  • as amortizações por prestação de serviços de cooperação federativa;
  • a possibilidade de que estados usufruíssem dos benefícios do RRF e do Propag ao mesmo tempo;
  • a permissão para que os estados descumprissem restrições impostas pela Lei de Responsibilidade Fiscal, em caso de violação dos gastos com servidores;
  • a dispensa da verificação do cumprimento das metas do RRF antes da adesão ao Propag;
  • o prazo de 60 dias para que o governo federal definisse as metas anuais de desempenho do ensino médio técnico para os Estados optantes pelo Propag.

Os estados têm até o dia 31 de dezembro deste ano para aderir, ou não, ao Programa, e articulam em suas respectivas bancadas federais a derrubada de vetos, especialmente os que mantiveram exigências financeiras e fiscais rigorosas para os estados, incluindo a manutenção da taxa de 1% ao Fundo de Estabilização Fiscal mesmo em calamidade, a impossibilidade de usar recursos do FNDR para quitar dívidas e a permanência das regras do Regime de Recuperação Fiscal.

Na audiência, Simões criticou os vetos de Lula, argumentando que eles pioraram o texto original e dificultaram a adesão dos estados, destacando que o programa atual é diferente daquele proposto por Pacheco. Além disso, o vice-governador comparou a situação de Minas com a negociação feita pelo atual ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) quando era prefeito de São Paulo, afirmando que gostaria de ter conseguido um acordo semelhante para o estado mineiro.

“Essa dívida não vai ser paga nunca se continuar sendo rolada como está sendo hoje. O Propag é uma solução estruturante, para que possamos caminhar para o fim da dívida de Minas. Eu gostaria muito de não ter de pagar essa dívida. Gostaria que o ministro Haddad sentasse comigo e fizesse uma negociação para Minas como negociou de São Paulo. Eu já falei isso para ele. Como prefeito de São Paulo ele negociou a dívida e conseguiu zerar a dívida. Entregou o Campo de Marte. Mas, infelizmente, o governo federal quer receber a dívida. E está no direito dele”, disse.

Propag é considerado vantajoso

Os estados têm até 31 de dezembro de 2025 para solicitar adesão ao Propag. Essa foi uma sugestão da Câmara acatada pelo relator no Senado. O prazo anterior era de 120 dias a partir da publicação da lei.

Como entrada na renegociação, os entes poderão quitar de imediato parte das atuais dívidas transferindo para o poder da União bens móveis ou imóveis, participações societárias em empresas, créditos com o setor privado, créditos inscritos na Dívida Ativa da Fazenda Estadual, dentre outros ativos.

Parcelas

As parcelas mensais serão calculadas de acordo com a Tabela Price e corrigidas mensalmente. O estado poderá fazer amortizações extraordinárias da dívida. Haverá redução dos valores das parcelas ao longo dos primeiros cinco anos.

Durante a vigência do contrato, será proibida a contratação de novas operações de crédito pelo estado para o pagamento das parcelas da dívida refinanciada, sob pena de desligamento do Propag.

Taxa de juros

Será mantida como regra a taxa de juros atualmente cobrada pela União, correspondente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acrescido de 4% ao ano. Mas haverá descontos de acordo com o montante da dívida que será quitado na entrada e outras regras fiscais e financeiras específicas.

Com isso, estados poderão alcançar taxas de juros de IPCA mais 0%, 1% ou 2%.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.