Saúde, prisão e isolamento político marcam o ano mais difícil de Bolsonaro

Na avaliação de aliados, o ex-presidente enfrentou seu momento mais delicado em 2025

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Aliados próximos de Jair Bolsonaro afirmam que o ex-presidente enfrentou, em 2025, o período mais difícil de sua vida pessoal e política.

De acordo com pessoas próximas ao ex-presidente, o ano reuniu uma sucessão de fatores que impactaram diretamente a saúde física, o estado emocional e a situação jurídica dele.

No que diz respeito à saúde, Bolsonaro passou a conviver com novos episódios de internação e acompanhamento médico constante. Neste Natal, no dia 25, o ex-presidente passou pela sua 8ª cirurgia.

Integrantes do entorno relatam preocupação com o desgaste psicológico, agravado por quadros de ansiedade e abatimento emocional. Os médicos de Bolsonaro disseram estar com as mesmas preocupações.

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Condenação a 27 anos e 3 meses de prisão

O avanço de investigações e processos judiciais no Supremo Tribunal Federal (STF) e em outras instâncias é apontado como um dos principais fatores de pressão.

Advogados avaliam que o cenário jurídico se tornou mais adverso ao longo do ano, o que exigiu dedicação integral da defesa.

Bolsonaro foi condenado pelo Supremo a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado em 2022, quando Lula (PT) foi eleito presidente da República. A prisão dele pela Polícia Federal (PF), no dia 22 de novembro, foi determinada no âmbito das investigações em curso.

No plano político, aliados reconhecem que Bolsonaro vive um momento de isolamento maior do que em anos anteriores.

Apesar de ainda manter apoio de parte do eleitorado, fontes afirmam que a perda de protagonismo institucional e as dificuldades para reorganizar o campo político conservador também contribuem para a avaliação de que este é o pior momento de sua trajetória.

Reservadamente, pessoas próximas dizem que a combinação entre problemas de saúde, insegurança jurídica e incertezas políticas faz de 2025 um ano particularmente duro para o ex-presidente.

A expectativa, segundo aliados, é de que os próximos meses sejam decisivos tanto para o desfecho de processos (como uma autorização para prisão domiciliar, por exemplo) quanto para a recuperação pessoal e física de Bolsonaro.

Indicou Flávio para disputar a Presidência

Apesar das indicações de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, seria nome forte de Bolsonaro para emplacar em uma campanha presidencial em 2026, o ex-presidente resolveu, de dentro da prisão, lançar o seu próprio filho, o senador Flávio Bolsonaro, para concorrer ao pleito.

Em carta “aos brasileiros”, Bolsonaro disse que, “diante desse cenário de injustiça e com o compromisso de não permitir que a vontade popular seja silenciada”, tomou a decisão de indicar Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência.

O que esperar de 2026?

A avaliação predominante é de que o ex-presidente deve atuar como líder simbólico do bolsonarismo e seguir como peça central na mobilização da base.

No entanto, problemas de saúde, desgaste emocional e o impacto da prisão devem limitar o seu protagonismo.

Enquanto isso, pesquisas indicam que, mesmo fora da disputa formal, Bolsonaro segue exercendo papel central na polarização. Com isso, ele deve continuar sendo um fator relevante para o desempenho da direita no ano que que começa.

Jornalista com trajetória na cobertura dos Três Poderes. Formada pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), atuou como editora de política nos jornais O Tempo e Poder360. Atualmente, é coordenadora de conteúdo na Itatiaia na capital federal.

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