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Impasse sobre vetos de Zema esvazia plenário da Assembleia de Minas

Oposição quer derrubar decisões do governador que barraram, por exemplo, isenção à segunda tarifa de pedágio; nessa quinta (14), reunião plenária sequer foi iniciada

Ulysses Gomes (esq.) e João Magalhães (dir.) lideram as alas da Assembleia de Minas

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) tem vivido dias de impasse. Deputados estaduais da base aliada ao governador Romeu Zema (Novo) e da coalizão de oposição discordam sobre derrubar, ou não, vetos do poder Executivo a propostas aprovadas pelo Parlamento. Sem acordo, a pauta das votações de plenário está “trancada” em meio a uma obstrução anunciada pelos oposicionistas.

A sessão agendada para acontecer nessa quinta-feira (13), por exemplo, sequer foi iniciada por ausência do número mínimo de deputados — uma consequência do embate, que tem tons silenciosos.

As reuniões plenárias da Assembleia costumam acontecer entre terças e quintas-feiras, durante a tarde. Assim, novos encontros só devem acontecer na semana que vem, quando governistas acreditam que será possível iniciar as votações dos vetos.

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O impasse a respeito dos vetos afetou, inclusive, uma reunião extraordinária de plenário agendada na semana passada. O presidente Tadeu Martins Leite (MDB) teve de encerrar precocemente a atividade por falta de quórum. À ocasião, reuniões em Brasília (DF) com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ajudaram a esvaziar a Assembleia.

Neste momento, um dos vetos a travar a pauta diz respeito a um projeto de lei que isentava, da segunda tarifa de pedágio, motoristas que passam, duas vezes ou mais, por uma mesma rodovia estadual das 5h às 22h de um mesmo dia. Para tentar convencer deputados aliados a Zema a derrubar o veto, o bloco de oposição, liderado pelo PT, anunciou a obstrução.

A tática deve ser utilizada ao longo deste mês, porque, a partir do próximo dia 26, um segundo veto criticado pelos oposicionistas passa a trancar a pauta. No início do ano, o Palácio Tiradentes barrou emenda ao Orçamento do estado que previa o repasse de R$ 1 bilhão para o Fundo de Erradicação à Miséria (FEM).

De um lado, oposicionistas afirmam que o veto descumpre acordo de interlocutores de Zema com deputados. Do outro, governistas dizem que as ações de enfrentamento às desigualdades não serão afetadas, porque o Executivo aposta na abertura de um crédito suplementar de R$ 919,2 milhões ao Orçamento deste ano para bancar políticas públicas do setor. Assim, o entendimento é que não há motivos para a derrubada do veto.

Base de Zema traça estratégia

Se a reunião da próxima terça-feira (19) acontecer, o veto à gratuidade na segunda praça de pedágio será debatido pela sexta sessão seguida. Esse é o limite imposto pelo Regimento Interno da Assembleia. Assim, o plano dos governistas é, independentemente da obstrução, votar o tema na quarta-feira (20).

Segundo o líder do governo Zema, João Magalhães (MDB), os aliados do Palácio Tiradentes tinham apoios suficientes para manter o veto, mas optaram por não confrontar diretamente as táticas de obstrução, que incluem o revezamento de deputados no púlpito de discursos.

“É um processo desgastante segurar deputados por 10 horas ou 15 horas no plenário. Então, preferimos o caminho mais correto e mais rápido para vencer a obstrução, que é vencer a sexta sessão na terça-feira e votar na quarta-feira”, projetou o emedebista.

A oposição, porém, pretende manter a postura.

“Estamos mantendo a coerência e deixando clara a tentativa de obstruir. Primeiro, porque a gente quer derrubar o veto, mas, sobretudo, porque o governo não tem cumprido acordos conosco - e o encaminhamento de pautas na Casa”, apontou o líder oposicionista Ulysses Gomes, do PT.

Conversas nos bastidores

Comumente, as lideranças da Assembleia costumam se reunir para debater a relação de votações, costurar acordos e destravar impasses. Por ora, segundo apurou a Itatiaia, não há reunião de líderes marcada para o início da próxima semana. O cenário, porém, pode mudar - e uma reunião acontecer. O debate entre as lideranças poderia ser um caminho para destravar a pauta.

Apesar da obstrução, interlocutores da oposição afirmam que o cordão, composto por 20 dos 77 deputados estaduais, tem dado quórum no plenário. Segundo eles, reuniões têm sido precocemente encerradas por ausência de deputados pró-Zema.

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Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.