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Reunião que avança tramitação da PEC do Referendo para venda da Copasa não dura 10 minutos

Deputados estaduais realizaram duas das seis sessões regimentais antes da votação da proposta que retira exigência de referendo para privatizar a Copasa

Deputados estaduais analisam a PEC 24 no plenário da ALMG

Duas das seis reuniões regimentais necessárias para votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023 — que elimina a exigência de referendo popular para autorizar a privatização da Copasa — foram realizadas nesta terça-feira (21) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A segunda delas, que começou às 18h, não chegou a 10 minutos de duração.

Isso porque os deputados estaduais marcaram presença na abertura, mas depois esvaziaram o plenário, o que fez com que o deputado Zé Guilherme (PP), que presidia o encontro, pedisse o encerramento dos trabalhos. Novas reuniões foram marcadas para esta quarta-feira (22) às 10h, 14h e 18h.

A tramitação da proposta foi marcada por manobras regimentais e protestos de servidores da companhia de saneamento, contrários à venda da estatal. A primeira reunião extraordinária do dia, das 10h, foi suspensa por falta de quórum: apenas 21 deputados registraram presença, quando o mínimo necessário é de 26. Sem a abertura formal, a sessão não contou para a contagem das seis reuniões obrigatórias.

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A deputada Leninha (PT), que presidiu a sessão da manhã, afirmou que a oposição pretende usar todos os mecanismos possíveis para retardar a votação.

“Pela manhã a gente encerrou a reunião mais rapidamente possível para ganhar tempo, entendendo que, na nossa avaliação, essa semana pode ser que não haja votação. Mas tudo pode acontecer. Se na quinta-feira chamar mais duas reuniões, aí pela manhã às dez é completo o número regimental, que são de seis reuniões. Ficaria para a tarde de quinta-feira, às 14h ou às 18h, dependendo da convocação que a casa vai fazer”, disse.

Leninha também confirmou que a oposição não descarta recorrer ao Judiciário para tentar barrar a PEC.

“Nós temos casos que antecederam esse processo que o STF julgou improcedente essa alteração em outros estados. Então, é claro que nós vamos acionar todos os mecanismos, seja o STF, o Tribunal de Contas do Estado (TCE_MG), que estamos acionando para poder barrar alguns projetos do governo de Minas. Tudo isso é possível”, seguiu.

Pelo bloco governista, o deputado Gustavo Valadares (PSD) minimizou a falta de quórum e atribuiu a suspensão da sessão à ação regimental da oposição.

“O que aconteceu foi que a oposição, que tem a primeira vice-presidência da casa, colocou a primeira vice-presidente na porta do plenário para que, às 10h, se não tivesse os 26 deputados necessários para a abertura da reunião, encerrasse de plano a reunião. E foi o que ela fez. É regimental, faz parte do jogo”, disse.

Valadares afirmou ainda que a intenção do governo é concluir as seis reuniões nesta semana e votar o texto no início da próxima.

“Temos seis reuniões de discussão que precisam ser cumpridas. Nós vamos tentar fazê-las ao longo desta semana. Esta é a vontade da base de governo, para que possamos entrar em processo de votação no início da próxima semana.”

A PEC 24

A PEC 24/2023 integra o pacote de medidas do governo Romeu Zema para viabilizar a adesão de Minas ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), criado pelo governo federal. O plano prevê o refinanciamento da dívida mineira de cerca de R$ 170 bilhões com a União, com a exigência de contrapartidas financeiras dos estados.

O governo mineiro pretende vender a Copasa e usar parte dos recursos para abater o estoque da dívida e reduzir os juros das parcelas.

Caso todas as reuniões regimentais ocorram dentro do prazo, a votação em primeiro turno da PEC poderá acontecer ainda antes do fim de outubro.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.