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Nova versão da PEC da Blindagem propõe voto secreto e limita prisão em flagrante

Para o presidente da Câmara, Hugo Motta, a proposta “fortalece a atividade parlamentar” e é defendido pela maioria das bancadas parlamentares

A PEC também torna secreta a votação para avaliar a prisão de parlamentares.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), incluiu na pauta desta terça-feira (16) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a proteção de parlamentares na Justiça.

Conhecida como “ PEC da Blindagem” ou “PEC das Prerrogativas”, o texto propõe um resguardo maior para deputados e senadores diante de eventuais ações judiciais, promovendo mudanças no artigo da Constituição que trata da imunidade parlamentar.

Entre as alterações, o texto restringe a possibilidade de prisões em flagrante de parlamentares do Congresso Nacional.

Quem é o relator?

Motta trocou o relator da proposta e escolheu o deputado Claudio Cajado (PP-BA) para a função, substituindo o mineiro Lafayette de Andrada (Republicanos).

Nas redes sociais, o presidente da Câmara afirmou que a proposta “fortalece a atividade parlamentar e foi defendida pela maioria da representação do colégio de líderes”, que se reuniu nesta terça-feira.

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O que prevê o texto?

A proposta estabelece que os parlamentares só podem ser presos em flagrante por crimes inafiançáveis — como racismo, tortura, terrorismo e tráfico de drogas.

O texto também destaca:

  • Os deputados e senadores continuam a ser julgados apenas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em processos criminais;
  • Se não houver prisão em flagrante, os autos precisam ser enviados em até 24 horas ao STF e ao Legislativo (Senado ou Câmara). A Casa responsável deve votar, por maioria absoluta e a curto prazo, se mantém ou não a prisão;
  • Se o Legislativo negar a licença, a prisão fica automaticamente suspensa enquanto durar o mandato parlamentar;
  • A proposta reforça que o presidente da República, o da Câmara, o do Senado, o vice-presidente do país e os demais ministros seguem sendo julgados pelo Supremo em infrações penais comuns.

A Câmara tentou “ressuscitar” a proposta no final de agosto, mas sem sucesso. A PEC, originalmente apresentada em 2021, ganhou fôlego no Congresso após o STF julgar políticos por ataques à democracia — incluindo, como exemplo mais recente, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado por tentativa de golpe de Estado após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Por se tratar de uma mudança na Constituição, a PEC precisa ser aprovada em texto idêntico na Câmara e no Senado, após votação em dois turnos nas duas Casas, com o apoio de três quintos dos deputados (308 votos) e senadores (49 votos).

Qual o contexto da proposta?

O texto foi originalmente proposto em 2021 pelo atual ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil) — na época, deputado pelo PSDB-PA. A PEC foi apresentada após a prisão em flagrante do ex-deputado Daniel Silveira (PL-RJ), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Apoiador do ex-presidente, o parlamentar postou nas redes sociais um vídeo ofendendo ministros do Supremo. Além da condenação, ele também perdeu o mandato.

Ao justificar a PEC, o então deputado Sabino afirmou que não ignorava “a gravidade dos fatos”, mas que a imunidade dos parlamentares precisava ser melhor protegida.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.