O consumo de energia no setor agropecuário tende a aumentar nos próximos anos. As mudanças climáticas têm reduzido o volume de chuvas e provocado longos períodos de estiagem. Com isso, as plantações dependem cada vez mais de sistemas de irrigação, que exigem grande quantidade de energia elétrica.
De acordo com um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), divulgado neste ano, a demanda eletroenergética da agricultura irrigada no país deve crescer 42,9% até 2040. A assessora técnica da entidade, Jordana Girardello, explica o cenário.
“Hoje a gente já tem um déficit de potência muito grande instalado na zona rural para atender as áreas irrigadas. E se não houver um olhar do setor elétrico para entender a demanda do setor agropecuário e fazer investimentos condizentes, a energia vai ser um limitador. E não é que o produtor não consiga gerar energia dentro da propriedade, ele consegue. Pode gerar energia fotovoltaica, que tem crescido muito nas áreas rurais. O problema é que as redes não comportam receber mais carga e potência, o que impede a interligação”, afirma.
Jordana Girardello, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
Um exemplo desse aumento na demanda vem de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O produtor Henrique Queiroz Coelho, do Sítio Ribeiro Bonito, instalou
“A gente tem duas usinas, construídas em 2020. A maior tem 86 placas e a menor, 34. Pagávamos um pouco mais barato, já que é tarifa rural, mas ainda assim chegávamos a pagar, em média, de 4 a 5 mil reais de energia por mês no transformador maior e cerca de 1.200 reais no menor. Atualmente, estamos pagando pouco de energia, mas, com essa questão da falta de água, tivemos que furar um poço artesiano, então o consumo aumentou. No geral, pagamos apenas a taxa mínima, que varia entre 50 e 60 reais”, relata Henrique.
Para atender ao aumento da demanda, a secretária estadual de Meio Ambiente, Marília Melo, afirma que o governo tem trabalhado na estruturação da rede elétrica para melhorar a distribuição de energia.
“Quando a gente fala em agro, temos grupos distintos. Há grandes produtores rurais, que obviamente têm uma demanda energética maior e vão precisar da ampliação das linhas de transmissão. A Cemig criou um pacote específico para o agro, para que o setor avance, porque hoje o problema não é geração, é fazer a energia chegar nas áreas rurais, é transmissão”, explica.
A secretária também destaca alternativas voltadas a pequenos e médios produtores. Segundo ela, a geração fotovoltaica descentralizada é uma das soluções mais promissoras.
“Outro exemplo é a biomassa. Dependendo do tipo de produção da propriedade, como criação de bovinos ou suínos, há potencial para a construção de biodigestores, que podem gerar energia limpa para o consumo da própria fazenda”, detalha Melo.
Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), Marília Melo

