Totalmente limpo e renovável, o hidrogênio verde vem ganhando espaço em Minas Gerais como alternativa para a produção de combustível e geração de eletricidade. O material é um gás muito leve e pode ser produzido de forma limpa. Para isso, utiliza-se a água, composta por hidrogênio e oxigênio. O processo para criar o componente de maneira renovável consiste em separar o hidrogênio do oxigênio, sem gerar poluição, procedimento conhecido como eletrólise.
Dessa forma, o gás pode ser usado para movimentar turbinas de geradores de energia ou veículos adaptados para abastecimento com hidrogênio. Ele tem grande utilidade na mineração, siderurgia, produção de cimento, transportes e agricultura, reduzindo significativamente a emissão de gases poluentes.
A NEUMAN & ESSER Brasil, instalada em Belo Horizonte, atua na fabricação de máquinas que produzem hidrogênio de baixo carbono. O diretor-presidente da empresa, Marcelo Veneroso, explica as aplicações:
“Na siderúrgica, tem-se a utilização do hidrogênio na redução do aço, substituindo o coque. Temos o exemplo de um projeto-piloto no Porto de Pecém, na indústria de geração térmica da antiga EDP, onde há o uso do hidrogênio para recheamento de turbinas e também para redução de emissões na queima de carvão, que é o insumo da termoelétrica”, detalha Veneroso.
O diretor ressalta ainda que o componente pode ser utilizado para limpar combustíveis fósseis, reduzindo a emissão de gás carbônico.
“O hidrogênio hoje, em sua forma natural, já é aplicado na limpeza dos combustíveis tradicionais, mas ele é produzido em grande quantidade a partir do gás natural. Se conseguirmos gerar esse hidrogênio, e conseguiremos, se as empresas investirem para atuarmos com o hidrogênio verde, daremos um passo importante na redução de emissões, com a limpeza do combustível feita por meio do hidrogênio verde”, afirma.
Diretor-presidente da NEUMAN & ESSER Brasil, Marcelo Veneroso
Alguns países já utilizam esse tipo de hidrogênio não poluente para produzir energia, enfrentando um dos principais desafios da geração renovável: o desequilíbrio entre oferta e demanda.
No entanto, o diretor de Programas para Gestão Pública da Fundação Dom Cabral e especialista em transição energética, professor Paulo Guerra, avalia que a tecnologia ainda não é tão vantajosa.
“Se utilizamos a energia solar para fazer a eletrólise da água, eu produziria o hidrogênio, esse hidrogênio seria sustentável e poderia ser armazenado. O problema do hidrogênio verde é que a quantidade de energia usada para a eletrólise é muito maior do que a energia obtida na queima do hidrogênio. Há hoje uma perda de quase 50%. Então, enquanto esse ganho de eficiência não acontecer, o hidrogênio verde acaba sendo um mecanismo ruim de armazenamento de energia”, explica Guerra.
Diretor de Programas para Gestão Pública da Fundação Dom Cabral e especialista em transição energética, professor Paulo Guerra
Política públicas
Quanto às políticas públicas em Minas, o incentivo ao hidrogênio verde faz parte do Race To Zero, meta de zerar as emissões de gases poluentes até 2050, além de incluir investimentos em pesquisa e desenvolvimento sobre o tema. O subsecretário de Atração de Investimentos e Cadeias Produtivas da Secretaria de Desenvolvimento de Minas (Sede), Daniel Medrado, destaca as ações do governo estadual:
“No campo da energia, de uma forma geral, Minas Gerais direciona sua política para atrair também a diversidade e a diversificação energética. Temos ações relacionadas ao biogás, ao biometano, ao hidrogênio verde e ao gás natural. Há uma série de políticas do Estado de Minas Gerais voltadas à diversificação da nossa matriz energética, que é sempre uma matriz limpa”, afirma Medrado.
Subsecretário de Atração de Investimentos e Cadeias Produtivas da Secretaria de Desenvolvimento de Minas, Daniel Medrado
            

