O Brasil avançou significativamente no acesso ao cozimento limpo, que significa o uso de energias seguras e modernas, como gás, eletricidade e biogás, mas ainda enfrenta desigualdades regionais e sociais. Segundo estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 94,5% da população já utiliza combustíveis limpos para preparar alimentos, enquanto 6% ainda dependem de lenha, carvão ou outros materiais poluentes.
O relatório revela que o problema se concentra nas áreas rurais e entre famílias de baixa renda, especialmente nos estados do Maranhão, Bahia, Pará, Ceará e Minas Gerais.
A pesquisa aponta que o cozimento é o uso que mais consome energia nas residências brasileiras, representando metade da demanda total do setor residencial. Em 2023, cerca de 11,8 milhões de domicílios ainda usavam biomassa para cozinhar, e 4,5 milhões desses eram de baixa renda. Desse total, 2 milhões de famílias utilizavam principalmente lenha e 376 mil dependiam exclusivamente desse tipo de combustível.
Um risco para a saúde
A queima de lenha, carvão e outros combustíveis poluentes representa um sério risco à saúde. A fumaça liberada durante o cozimento pode causar doenças cardíacas, câncer de pulmão, DPOC, AVC e pneumonia. Mulheres e crianças são as mais afetadas, por passarem mais tempo em casa e próximas ao fogo durante o preparo das refeições.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 2,3 bilhões de pessoas no mundo ainda cozinham com fogões improvisados e combustíveis como querosene, etanol, madeira e carvão vegetal, o que também aumenta o risco de acidentes e queimaduras. Em 2020, 3,2 milhões de pessoas morreram por doenças relacionadas à falta de acesso ao cozimento limpo, entre elas, mais de 237 mil crianças menores de 5 anos.
Políticas Públicas
O estudo propõe subsidiar políticas para modernização do cozimento e redução dos impactos negativos à população brasileira. Segundo o relatório, o governo federal já implementa programas como o Auxílio Gás e o novo Gás do Povo, que buscam ampliar o acesso gratuito ao botijão de GLP para famílias em situação de vulnerabilidade.
A EPE defende que o país precisa acelerar as políticas de inclusão energética, com incentivos fiscais, subsídios cruzados e campanhas educativas. O objetivo é garantir que todos os brasileiros possam cozinhar de forma segura, eficiente e sustentável, contribuindo também para reduzir a pobreza energética e melhorar a qualidade de vida nas regiões mais vulneráveis.
            

