Minas Gerais ainda está em fase de desenvolvimento no campo da energia eólica. No estado, há geradores instalados em cidades como Monte Azul, Espinosa, Santo Antônio do Retiro, Rio Pardo de Minas e Mato Verde, todas localizadas no Norte mineiro. No entanto, considerando o potencial dos ventos e as condições do território brasileiro, a maior parte dessa tecnologia se concentra no Nordeste do país.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento de Minas, o estado ainda consolida sua vocação para a geração eólica. Especialistas defendem que, para ampliar a força da matriz energética mineira, é essencial investir na diversificação e no fortalecimento das fontes renováveis.
O coordenador da Pós-Graduação em Fontes Renováveis da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Victor Flores Mendes, reforça a importância desses investimentos.
“É importante para o país investir em energia solar, mas precisamos que essa energia esteja disponível também à noite. Para isso, voltamos à questão da diversificação. Durante o dia, temos energia gerada pelo sol; à noite, podemos contar com a eólica, que continua gerando. E, se houver uma demanda extra, recorremos às termelétricas ou às hidrelétricas”, explica Mendes.
Coordenador da Pós-Graduação em Fontes Renováveis da UFMG, Victor Flores Mendes
O diretor de Programas para Gestão Pública da Fundação Dom Cabral e especialista em transição energética, professor Paulo Guerra, destaca que o país tem avançado na diversificação de sua matriz, incorporando cada vez mais a energia eólica.
“Se pegarmos o relatório da Empresa Brasileira de Pesquisa Energética, ele prevê que, até 2030, o Brasil alcance 50% da sua matriz composta por fontes realmente sustentáveis. Nesse cálculo, estão consideradas as energias eólica, solar e hidrelétrica, basicamente”, detalha.
Diretor de Programas para Gestão Pública da Fundação Dom Cabral e especialista em transição energética, professor Paulo Guerra
Para o vice-presidente da Elera Renováveis, Francisco Galvão, o investimento em diversidade energética é essencial. “As energias renováveis são um caminho natural, e o Brasil tem um enorme benefício pelo potencial solar, eólico e hidrelétrico, além de exercer um papel fundamental na descarbonização e na transição energética”, afirma.
Vice-presidente da Elera Renováveis, Francisco Galvão
Investimentos
No Ceará, a Cemig investiu em duas usinas eólicas, uma delas na praia de Pajuru, no município de Beberibe, com 17 unidades geradoras. O projeto demonstra o crescimento e o potencial do país nesse segmento. Apesar do avanço e da ampla capacidade de expansão, o setor ainda enfrenta desafios relacionados à insegurança jurídica e à ausência de regras específicas.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, defende a criação de uma regulamentação mais adequada para reduzir os impactos dos cortes de energia realizados em determinados horários, medida usada para evitar a sobrecarga no sistema elétrico nacional.
“Ao redor do mundo, não há nenhum país com o potencial do Brasil para atrair investimentos e liderar a transição energética. Estamos defendendo a emenda 9, que também é a emenda 40, pois ela traz uma classificação mais precisa sobre esses cortes. É essencial saber o que é rede, o que é questão energética, e garantir que os custos sejam pagos por quem realmente deve pagar”, explica Gannoum.
Presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum
A proposta está em discussão na nova Medida Provisória (MP) do Setor Elétrico e no Congresso Nacional. Segundo especialistas, a falta de aproveitamento da energia cortada, que nem é utilizada nem armazenada, representa desperdício de potencial e afasta investidores do setor eólico brasileiro.

