O uso de energia em propriedades rurais é um desafio, especialmente pela necessidade de equipamentos que consomem muita eletricidade, como sistemas de irrigação, refrigeração, câmaras frias, iluminação, motores elétricos, máquinas agrícolas e bombas de distribuição de água. Além do gasto energético, a preservação do meio ambiente também é uma preocupação.
O presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais (FAEMG), Antônio de Salvo, destaca que, com o avanço da tecnologia, houve automação e mecanização de diversos processos que dependem de energia para funcionar.
“Somos hoje o maior produtor de leite do Brasil e também grandes na cafeicultura. Precisamos de muita energia para produzir leite, para a ordenha e o resfriamento. O café não é um produto brasileiro, é uma planta da Etiópia que veio para o Brasil e foi aprimorada aqui. Hoje, o café é o carro-chefe da exportação mineira e depende de energia para ser seco.
Precisamos de um secador que funcione por energia elétrica para garantir uma bebida de altíssima qualidade. Se tivéssemos energia em abundância, certamente esbarraríamos em outro gargalo, que seria a logística. Mas, com certeza, cresceríamos mais, produziríamos mais, e isso significaria maior oferta de alimentos e preços mais acessíveis para as populações com menor poder aquisitivo”, explica.
Presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais (FAEMG), Antônio de Salvo
Na Agropecuária São Gabriel, na cidade de Cordisburgo, região central de Minas, dois
“Se eu não tivesse onde colocar os dejetos, certamente não poderia ter suinocultura, porque ele é altamente poluente quando adensado. Como faço fertirrigação, jogo nas áreas da fazenda, que são grandes, e isso melhora muito o solo, as plantações e o capim. O gado também tem um benefício maior ao consumir esse capim adubado com os dejetos”, explica Mário Lúcio.
Proprietário da Agropecuária São Gabriel, Mário Lúcio de Assis
Dirceu Aparecido Rodrigues, 59 anos, agricultor familiar em Mário Campos, no Sítio Casa Grande, cultiva hortaliças e conta com várias placas solares que geram cerca de 30% de economia na conta de luz.
“Temos duas usinas, cada uma com 216 placas. A gente usa a energia em tudo: no poço artesiano, nas bombas, em todo o sistema. Não foi um investimento muito alto e o retorno veio rápido. Por onde você anda, vê placas solares. Estive no norte de Minas, perto de Teófilo Otoni, e lá tem muita”, afirma o agricultor.
Antônio de Salvo, da FAEMG, ressalta que ainda há desafios técnicos no fornecimento de energia no campo, como a presença de sistemas simples e monofásicos, que não suportam grandes demandas.
“Temos muitas redes monofásicas, que são boas, mas não adequadas para um potencial produtivo maior. Por exemplo, um pivô central, usado na irrigação, precisa de um motor com mais de 50 CV, algo que o monofásico não consegue suprir. A transformação que a Cemig vem realizando em Minas, convertendo redes monofásicas em trifásicas, é muito positiva para o setor. A irrigação é uma das nossas principais inovações, e o avanço nesse tipo de rede ajuda tanto a produzir mais quanto a preservar o meio ambiente”, afirma.
Essa situação já começa a ser solucionada. Uma das principais demandas do campo é a melhoria do atendimento em regiões rurais, especialmente em casos emergenciais. O governo do estado afirma que possui programas em andamento para ampliar as bases operacionais em toda a área de concessão.

