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Sob o comando de Bolsonaro, oposição decide obstruir votações na Câmara

Objetivo dos parlamentares é pressionar a presidência da Câmara para pautar a votação do requerimento de urgência no projeto que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023

O ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu, nesta terça-feira (30), com líderes da oposição para definir estratégias de obstrução no Congresso Nacional. A ideia dos parlamentares é travar as votações na Casa e, assim, pressionar a presidência da Câmara dos Deputados para pautar a votação do requerimento de urgência no projeto que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

O encontro ocorreu no apartamento funcional do deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição. Na reunião, além de Bolsonaro e parlamentares do PL, quem também esteve presente foi o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ).

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Durante a reunião, a oposição decidiu bloquear votações tanto nas comissões quanto no plenário até que o requerimento de urgência para a anistia seja colocado na pauta.

Em declaração, Zucco afirmou que o Brasil vive, segundo ele, um “estado de exceção” e defendeu a necessidade de uma ação firme da oposição para corrigir o que considera uma injustiça contra os presos e investigados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.

“A orientação é para obstruir todas as pautas. Nada mais importante agora do que buscar reparação para as centenas de presos e refugiados políticos do Brasil”, disse o deputado.

A articulação aumenta a pressão sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que retornou recentemente de uma viagem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Ásia e já mostrou indisposição com a pauta da anistia.

Tramitação da anistia

O PL 2858/2022, de autoria do deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), é a proposta central da oposição na Câmara dos Deputados. O projeto propõe conceder anistia a todos que participaram de manifestações pelo Brasil durante o período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado em sua tentativa de reeleição, até a data dos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Apesar da mobilização, a tramitação do texto sofreu um revés em outubro de 2024, quando o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) remeteu a análise da proposta para uma comissão especial - manobra regimental que, na prática, é usada para frear a tramitação de propostas polêmicas.

Para que o texto seja aprovado sem as amarras impostas por Lira, ou seja, em análise nas comissões, é preciso que o projeto tramite em regime de urgência.

O problema é que, apesar da promessa de Sóstenes Cavalcante, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) já sinalizou que não deve aprovar nenhuma urgência em qualquer projeto neste momento. A ideia é que as pautas sigam seus ritmos normais, nas comissões, sem atrapalhar a votação de outras propostas.

Repórter da Rádio Itatiaia em Brasília atuando na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas Gerais, já teve passagens como repórter e apresentador pela Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor do prêmio CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio.
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