A reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos traz impactos na política global.
A estratégia dele, de desafiar instituições democráticas e questionar o processo eleitoral, inspira movimentos similares em outras nações, inclusive no Brasil, e se alinha com políticos como o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL).
Esse cenário, para Bolsonaro, pode representar uma possível janela de apoio político internacional e um impulso para a reabilitação de sua imagem.
No Brasil, o ambiente judicial e político também poderia ser afetado.
Questiona-se se a vitória de Trump poderia incentivar tentativas de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para beneficiar Bolsonaro em processos judiciais.
“A eleição de Trump não influencia de modo direto a questão da inelegibilidade de Bolsonaro, mas cria, digamos, um ânimo extra na direita brasileira que pode se movimentar com maior volúpia e assertividade em relação aos seus objetivos, sendo o principal deles a volta à presidência do país em 2026”, avaliou Antônio Celso Baeta Minhoto, membro da Associação Mundial de Justiça Constitucional.
Apesar da autonomia do STF, a relação entre Brasil e EUA, já tensa durante o mandato de Bolsonaro, seria colocada à prova, abrindo margem para debates sobre influências indiretas que a relação entre os governos poderia representar.
“A PEC dos anistiados ganha força renovada com a eleição de Trump. Mas é mais uma força anímica, pois o Brasil tem sua própria dinâmica política e qualquer presidente dos EUA, especialmente no contexto geopolítico atual, tem uma capacidade de influência limitada neste tipo de questão”, afirmou.
Para Antonio Carlos de Freitas Jr, doutor e mestre em Direito Constitucional pela Universidade de São Paulo (USP), o mundo jurídico não vive descolado do mundo político, criando uma pressão interna de partidos políticos, mas sem grandes impactos jurídicos.
“No sentido técnico jurídico, qualquer tipo de eleição, interna ou externa, não tem nenhum tipo de consequência para a inelegibilidade de um candidato”, opinou.