ALMG: projeto de Zema que vende imóveis do estado fica para 2026

Lista com centenas de imóveis fechará agenda do Propag em ano atribulado na Assembleia. Texto está em debate há sete meses na Casa

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema

Na manhã desta quinta-feira (18), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) adiou a votação em segundo turno, do texto que autoriza a federalização ou venda de mais de 200 imóveis do estado. O Projeto de Lei (PL) 3733/2025 é um dos mais polêmicos do pacote de propostas enviadas à casa pelo governador Romeu Zema (Novo) no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas do Estados (Propag).

O texto pode ser discutido na sexta-feira após aprovação de um requerimento para postergar a votação em um dia. O pedido foi apresentado pelo líder da oposição, Ulysses Gomes (PT). Como os trabalhos da Assembleia no ano se encerram nesta semana, existe a possibilidade de que a votação só aconteça, de fato, a partir de fevereiro de 2026.

O projeto apresenta uma lista de 210 imóveis com prédios como o Minascentro e o Expominas. A tendência é de que sejam apresentadas emendas para retirar mais prédios da relação.

A lista de imóveis enviada pelo Executivo aos deputados estaduais contava com 343 imóveis e passou por centenas de alterações ao longo de mais de sete meses de tramitação na Assembleia.

A relação original contava com imóveis como mais de 50 prédios da Universidade do Estado (Uemg); o Palácio das Artes; o Hospital Risoleta Tolentino Neves; prédios do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater); o Colégio Estadual Central; e até mesmo a sede do Executivo, a Cidade Administrativa. Todos esses imóveis foram retirados da lista ao longo da tramitação do projeto nas comissões da Assembleia.

Quase todas as mudanças foram perpetradas a partir de emendas apresentadas por parlamentares da oposição ao governador Zema. Além da retirada de imóveis, outra alteração importante foi a redução da precisão de desconto para a venda dos bens.

Em primeiro turno, na Comissão de Administração Pública (APU), o relator do texto, Rodrigo Lopes (União Brasil), diminuiu de 40% para 25% a margem de desconto para venda dos imóveis no caso de ocorrência de leilões desertos na primeira tentativa de privatização.

O chamado “PL dos Imóveis” foi um dos mais polêmicos na pauta do Propag por envolver prédios em uso para prestar serviços em cidades do interior e construções históricas como o Palácio das Artes, no Hipercentro da capital.

Ativos do estado no Propag

A privatização da Copasa, aprovada na última quarta-feira (17), bem como da Gasmig e da Cemig, já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego neste ano, com a criação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados, incluindo os imóveis do estado.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido. Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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