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Delegado suspeito de articular morte de Marielle Franco detalha como era relacionamento com a vereadora

Em depoimento à PF, Rivaldo Barbosa relembrou episódio em que a vereadora o ajudou a esclarecer a morte de um militar do Bope; ele nega envolvimento no assassinato da política

Rivaldo Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do assassinato de Marielle Franco

No depoimento em que prestou à Polícia Federal na última segunda-feira (3), o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, detalhou como era o seu contato com a vereadora Marielle Franco, morta em 2018 junto com o motorista Anderson Gomes. Rivaldo é um dos acusados de planejar a morte da política e está preso em Brasília desde março deste ano. Ele nega participação no crime.

A Rádio Itatiaia teve acesso à íntegra do depoimento de Rivaldo à PF. No documento, Rivaldo relembra que conheceu Marielle quando ainda era titular da delegacia de Homicídios. Na época, ele foi apresentado à vereadora por intermédio do então deputado estadual, Marcelo Freixo.

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“Que Marcelo Freixo sempre ia à Delegacia de Homicídios para tratar de assuntos afetos à Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, Que nessas idas, ele ia acompanhado de Marielle Franco; que, inclusive, depois disso, Marielle passou a ir sozinha para tratar de tais assuntos”, diz o trecho do depoimento.

O delegado ainda citou uma vez em que Marielle o ajudou a colher depoimentos de moradores do Complexo da Maré em uma investigação sobre a morte de um sargento do Bope - o crime ocorreu em 2013. Ainda sobre Marielle, Barbosa detalhou que os contatos ocorreram com a vereadora ocorreram, por vezes, pelo WhatsApp, mas não eram constantes e se limitavam a temas relacionados ao trabalho de ambos.

Perguntas sem respostas

Alguns questionamentos feitos pelos policiais federais ao ex-chefe da Polícia Civil ficaram sem resposta. Por exemplo, quando foi perguntado sobre uma acusação feita pelo miliciano Orlando Curicica, de que ele teria recebido propina em uma investigação da Polícia Civil de 2012.

Outro assunto que ficou sem resposta foi a relação do delegado com as empresas de segurança que pertencem à família, e nas quais a PF encontrou indícios de lavagem de dinheiro. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o depoente teve o direito de permanecer em silêncio e não se autoincriminar.

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Acusação

Barbora era o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro e foi nomeado para o cargo um dia antes do assassinato da vereadora. A sua participação no crime foi apontada por Ronnie Lessa, miliciano contratado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, para executar a morte da política rival.

Conforme apontado pelo depoimento de Lessa, o ex-chefe da Polícia teria participado previamente do crime, ou seja, discutido com os mandantes o assassinato os termos da morte de Marielle, e posteriomente ao crime, ajudando a encobrir as provas e retardar a investigação que começaram logo após o assassinato, em março de 2018.

Conforme consta na peça de acusação, apresentada ao STF pela Procuradoria-geral da República, Rivaldo Barbosa teria sido um dos arquitetos de toda a empreitada criminosa e peça fundamental na execução do assassinato.


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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio
É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.