Toffoli manda soltar presos da Operação Rejeito, que apura fraudes na mineração

Ministro do STF argumenta que prisão preventiva não é mais necessária e estabeleceu medidas cautelares para quatro presos na operação deflagrada em setembro

Serra do Curral era a área de exploração de empresas listadas na investigação da Polícia Federal

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu revogar a prisão dos investigados na Operação Rejeito, que investiga um esquema de fraudes de licenciamento para atividades de mineração em Minas Gerais. Em decisão publicada na última sexta-feira (19), o magistrado decidiu pela substituição da prisão preventiva de nomes como o ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages e do ex-diretor da Polícia Federal Rodrigo de Melo Teixeira pela adoção de medidas cautelares.

Além de Lages e Teixeira, Toffoli determinou a soltura de Alan Cavalcante do Nascimento e Helder Adriano Freitas, apontados como articuladores do esquema investigado na operação. Os quatro estavam presos desde setembro, quando foi deflagrada a investigação.

Na argumentação de Toffoli, a prisão preventiva era pertinente no momento de sua aplicação, mas hoje ela pode ser substituída por medidas cautelares. Para justificar a medida, o ministro apontou que as atividades das empresas investigadas foram suspensas; os bens e valores foram bloqueados; e os agentes públicos já foram afastados de suas funções.

No lugar da prisão preventiva, o ministro do STF determinou, aos quatro investigados, a exigência do uso de tornozeleira eletrônica, a retenção de passaportes e o recolhimento domiciliar noturno a partir das 22h.

Especificamente a Rodrigo de Melo Teixeira foi determinado o afastamento de suas funções na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e do cargo de delegado da Polícia Federal, com proibição de contato com servidores desses órgãos.

Já para Alan Cavalcante foi determinada a proibição de aproximação em até 200 metros de um edifício em Nova Lima, na Grande BH, onde reside uma das magistradas que analisa o caso.

O processo começou a tramitar no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e no Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6). Parte da investigação foi colocada sob juízo do STF com relatoria de Toffoli após menção a autoridade com prerrogativa de foro privilegiado.

Relembre a Operação Rejeito

Conduzida pela Polícia Federal (PF), em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal (MPF), a operação deflagrada em 17 de setembro desarticulou um esquema bilionário de corrupção e fraudes no setor de mineração em Minas Gerais, incluindo áreas de proteção ambiental e cultural como a Serra do Curral, em BH.

O objetivo da operação foi apurar um grupo criminoso que obtinha licenças e autorizações ambientais de forma fraudulenta, por meio da corrupção de servidores públicos em órgãos estaduais e federais e da emissão irregular de licenças ambientais, o que possibilitava a exploração ilegal de minério de ferro e causava danos ambientais graves.

A investigação aponta Alan Cavalcante do Nascimento como o líder da organização e o nome responsável pela estruturação empresarial e as movimentações financeiras do grupo. Ele também é citado como o principal beneficiário dos recursos obtidos de forma ilícita.

O ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages é citado como o “Diretor de Relações Interinstitucionais” da organização. Entre suas atribuições estão a articulação com o poder público, abordar proprietários de terrenos que o grupo pretende adquirir e coordenar o pagamento de propinas.

Ainda no núcleo central está Helder Adriano de Freitas, apontado como “diretor operacional”. A ele era conferida a função de estudar áreas de exploração mineral e de identificar laranjas para a criação de novas empresas de fachada para a organização.

Já Rodrigo Teixeira, segundo as investigações, atuava para assegurar que as atividades ilícitas da organização permanecessem alheias às operações da PF. O ex-delegado também seria o administrador de uma empresa criada para receber recursos de outras operações da organização, advindas de atividades ilegais. A criação da sociedade empresária Gmais Ambiental Ltda. aconteceu em 2021, quando ele ocupava o cargo de Secretário Municipal Adjunto na Prefeitura de Belo Horizonte.

Leia também

Stf
Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.

Ouvindo...