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PF detalha esquema de propina por meio de mineração ilegal em MG: ‘Estrutura criminosa’

‘Operação Rejeito’ desarticulou organização criminosa que envolvia empresas de fachada, servidores públicos e exploração em áreas de preservação; prejuízos ambientais podem ser bilionários

PF detalha esquema de propina por meio de mineração ilegal em MG: ‘Estrutura criminosa’

A Polícia Federal (PF) detalhou, nesta quarta-feira (17), o funcionamento de um esquema de mineração ilegal em Minas Gerais, alvo da ‘Operação Rejeito’. Segundo as investigações, a organização criminosa era formada por empresários, lobistas e agentes públicos que aprovavam projetos irregularmente e exploravam minério em áreas de preservação.

Até a última atualização desta reportagem, pelo menos 15 pessoas foram presas preventivamente. O principal alvo da operação é Alan Cavalcante do Nascimento, apontado como líder da organização.

No total, foram expedidos 22 mandados de prisão preventiva, além de buscas e apreensões em imóveis de alto padrão. Residências em condomínios de luxo na Grande Belo Horizonte, principalmente em Nova Lima, e um apartamento em Maceió–AL foram alvos da operação. A Justiça também determinou o bloqueio de bens do grupo, estimados em até R$ 1,5 bilhão.

Estrutura empresarial de fachada

De acordo com a PF, a investigação iniciou-se em 2022 e ganhou força em 2024. Os policiais identificaram 60 empresas que funcionavam como uma espécie de empresa “holding”, sendo a principal que detém o controle ou uma participação majoritária em outras empresas. De acordo com o Superintendente da PF em Minas, Richard Macedo, a empresas criminosas não executavam a mineração diretamente, mas eram usadas para lavar dinheiro, pagar propina e blindar o grupo contra fiscalizações.

“Essas empresas criavam sucessivas camadas de intermediários para dificultar a rastreabilidade dos recursos. O objetivo era ocultar a origem ilícita do dinheiro e viabilizar pagamentos a servidores públicos”, explicou o delegado responsável pelo caso, em entrevista à Itatiaia.

Participação de agentes públicos

Ainda segundo a PF, servidores de órgãos de controle ambiental foram integrados ao esquema para aprovar projetos que não teriam aval em condições normais. Conforme o diretor dos crimes contra a Amazônia da PF, Humberto Freire, o grupo atuava de forma organizada, com líderes, lobistas e operadores financeiros.

“Foi montada uma verdadeira estrutura criminosa. Essa influência permitiu aprovações de projetos irregulares que, posteriormente, resultaram na exploração ilegal de minério em áreas em processo de tombamento”, disse.

Pagamento de propinas

As propinas eram pagas em dinheiro vivo ou depósitos bancários. Em alguns casos, o repasse era mensal, de acordo com as investigações. Durante a entrevista, o delegado detalhou que, em outros casos, a propina era ligada a projetos específicos. A PF estima que o esquema poderia gerar lucros acima de R$ 18 bilhões para a organização criminosa.

Entenda o caso

  • ‘Operação Rejeito’ teve início em 2022;
  • Investigação identificou mais de 60 empresas usadas para lavagem de dinheiro e pagamento de propinas;
  • Servidores públicos foram cooptados para aprovar projetos ambientais ilegais;
  • Propina era paga em espécie e via depósitos bancários;
  • Grupo poderia lucrar R$ 18 bilhões com a exploração irregular;
  • Foram expedidos 22 mandados de prisão preventiva; 15 pessoas foram presas;
  • Imóveis de luxo na Grande BH e em Maceió foram alvos de busca e apreensão;
  • Patrimônio bloqueado chega a R$ 1,5 bilhão
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.
Jornalista graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2005. Atua como repórter de cidades na Rádio Itatiaia desde 2022