A Polícia Federal (PF) cumpre na manhã desta quarta-feira (17),
O grupo, segundo as investigações, movimentava valores bilionários por meio de empresas de fachada, propinas a servidores públicos e concessão irregular de licenças.
Na estrutura financeira do esquema aparecem também Felipe Lombardi Martins, conhecido como o “homem da mala”, e Jamis Prado de Oliveira Junior. Ambos eram responsáveis por triangulação de valores, controle de aportes e entrega de propinas em espécie a servidores públicos, utilizando empresas de fachada.
Atuação política e institucional
As investigações da PF identificaram ainda a participação de João Alberto Paixão Lages, apontado como articulador político e institucional do grupo criminoso. Ele seria responsável por tráfico de influência, pagamentos de propina e manipulação normativa junto a órgãos ambientais e culturais.
Outro investigado é Gilberto Henrique Horta de Carvalho, acusado de atuar como lobista para impedir projetos legislativos de proteção da Serra do Curral. Há indícios de que ele recebeu valores indevidos pela atuação.
Fraudes em licenciamento ambiental
De acordo com a PF, o esquema também contava com a participação de servidores públicos estratégicos. Entre eles está Rodrigo Gonçalves Franco, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), acusado de conceder licenças fraudulentas, manipular pareceres técnicos e cobrar propinas.
Outro alvo é Leandro César Ferreira de Carvalho, ex-gerente regional da Agência Nacional de Mineração (ANM) em Minas Gerais, que, mesmo afastado do cargo, seguia fornecendo informações privilegiadas e antecipando decisões em benefício da organização.
Servidores afastados:
Como parte das medidas cautelares, servidores de diferentes órgãos ambientais e minerários foram afastados de suas funções. A lista inclui nomes ligados à ANM, à Feam, ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) e ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).
Entre eles estão:
- ANM: Leandro César Ferreira de Carvalho, Guilherme Santana Lopes Gomes e Caio Mário Trivellato Seabra Filho.
- Feam: Rodrigo Gonçalves Franco, Lirriet de Freitas Libório, Fernando Baliani da Silva e Arthur Ferreira Rezende Delfim.
- IEF: Breno Esteves Lasmar, diretor-geral do órgão e presidente da Câmara de Proteção da Biodiversidade (CPB).
- Copam: Fernando Benício de Oliveira Paula, conselheiro representante da sociedade civil.
Segundo a investigação, apesar de constarem na lista de afastamento, Rodrigo Gonçalves Franco e Leandro César de Carvalho também tiveram prisão preventiva decretada, devido à gravidade das condutas e ao risco de reiteração criminosa.
Imagens divulgadas pela PF mostram os agentes em condomínios de luxo, apreensão de joias, armas e carros de luxo. Os locais das ações não foram informados.
Além dos mandados, a operação, batizada de ‘Rejeito’, determina o afastamento de servidores públicos, bloqueio e sequestro de bens no valor de R$ 1,5 bilhão e suspensão das atividades das pessoas jurídicas envolvidas, conforme decisão da Justiça Federal em Minas Gerais. O objetivo é desarticular uma organização criminosa responsável por crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo a corporação, a quadrilha também atuou para neutralizar a ação do estado, dificultando investigações e monitorando autoridades. Além disso, utilizou diversos artifícios para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas.
“Calcula-se que as ações criminosas do grupo investigado renderam, ao menos, um lucro de R$ 1,5 bilhão. Ressalta-se, ainda, que a investigação identificou projetos em andamento vinculados à organização criminosa com potencial econômico superior a R$ 18 bilhões”, acrescentou o texto.