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Ex-superintendente da PF preso por crime ambiental foi adjunto na gestão Kalil

Rodrigo de Melo Teixeira também atuou na Defesa Social de Minas (2015-2016), no governo de Fernando Pimentel (PT)

Atualmente, Rodrigo exerce a função de diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil

Um dos 15 presos pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (17), o ex-superintendente da PF em Minas, delegado Rodrigo de Melo Teixeira, foi secretário adjunto de Segurança da Prefeitura de Belo Horizonte/MG (2019-2022), na gestão de Alexandre Kalil, e também da Defesa Social de Minas (2015-2016), no governo de Fernando Pimentel (PT). Rodrigo foi preso no âmbito da operação Rejeito, que apura esquema ilegal no setor de mineração em Minas.

A investigação da operação Rejeito apontou que ele seria administrador oculto de uma empresa de mineração e mantinha negócios com alvos investigados enquanto atuava como diretor da PF, na gestão de Andrei Rodrigues.

“Nós não comentamos nomes nem dados específicos de alvos das nossas operações, de nenhum órgão. Fato é, como já dito inclusive pelo doutor Freire, a Polícia Federal não protege e não persegue ninguém. Esse é um mantra dentro da nossa instituição. Nós investigamos fatos. Aqueles que, porventura, tenham praticado fatos criminosos serão objeto das nossas investigações”, disse o superintendente da PF em Minas, Richard Macedo, nesta manhã.

O diretor dos Crimes contra a Amazônia da PF, Humberto Freire, confirmou a prisão de um delegado na operação de hoje, sem citar o nome de Rodrigo. “Como aconteceu na semana passada, quando tivemos um delegado da Polícia Federal preso em uma operação, infelizmente hoje tivemos também um componente da Polícia Federal, um delegado, atingido por esta operação.”

Facada em Bolsonaro

Natural de Barbacena, na Região Central de Minas, Rodrigo de Melo Teixeira é formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e possui especializações em Gestão de Segurança Pública, Política e Estratégia e Direito Público.

Ingressou na Polícia Federal em 1999, onde ocupou diversas posições de liderança, incluindo chefe de delegacias especializadas e corregedor regional.

Ele assumiu a Superintendência da PF em 2018, quando liderou as investigações do atentado contra o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PL), em Juiz de Fora, em 6 de setembro daquele ano.

Operação

A PF cumpre na manhã desta quarta-feira (17), 79 mandados de busca e apreensão e pelo menos 22 mandados de prisão preventiva, em Belo Horizonte e em outras regiões de Minas. A megaoperação é contra um esquema de fraudes em licenças ambientais envolvendo mineração. O principal alvo da operação é Alan Cavalcante do Nascimento, apontado como líder da organização. Ele seria responsável pelas decisões estratégicas, movimentações financeiras e articulações com servidores públicos.

O grupo, segundo as investigações, movimentava valores bilionários por meio de empresas de fachada, propinas a servidores públicos e concessão irregular de licenças.

Na estrutura financeira do esquema aparecem também Felipe Lombardi Martins, conhecido como o “homem da mala”, e Jamis Prado de Oliveira Júnior. Ambos eram responsáveis por triangulação de valores, controle de aportes e entrega de propinas em espécie a servidores públicos, utilizando empresas de fachada.

As investigações da PF identificaram ainda a participação do ex-deputado João Alberto Paixão Lages, apontado como articulador político e institucional do grupo criminoso. Ele seria responsável por tráfico de influência, pagamentos de propina e manipulação normativa junto a órgãos ambientais e culturais.

Outro investigado é Gilberto Henrique Horta de Carvalho, acusado de atuar como lobista para impedir projetos legislativos de proteção da Serra do Curral. Há indícios de que ele recebeu valores indevidos pela atuação.

Fraudes em licenciamento ambiental

De acordo com a PF, o esquema também contava com a participação de servidores públicos estratégicos. Entre eles está Rodrigo Gonçalves Franco, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), acusado de conceder licenças fraudulentas, manipular pareceres técnicos e cobrar propinas.

Outro alvo é Leandro César Ferreira de Carvalho, ex-gerente regional da Agência Nacional de Mineração (ANM) em Minas Gerais, que, mesmo afastado do cargo, seguia fornecendo informações privilegiadas e antecipando decisões em benefício da organização.

Servidores afastados:

Como parte das medidas cautelares, servidores de diferentes órgãos ambientais e minerários foram afastados de suas funções. A lista inclui nomes ligados à ANM, à Feam, ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) e ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).

ANM: Leandro César Ferreira de Carvalho, Guilherme Santana Lopes Gomes e Caio Mário Trivellato Seabra Filho.

Feam: Rodrigo Gonçalves Franco, Lirriet de Freitas Libório, Fernando Baliani da Silva e Arthur Ferreira Rezende Delfim.

IEF: Breno Esteves Lasmar, diretor-geral do órgão e presidente da Câmara de Proteção da Biodiversidade (CPB).

Copam: Fernando Benício de Oliveira Paula, conselheiro representante da sociedade civil.

A reportagem tenta contato com os envolvidos.

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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.
Jornalista graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2005. Atua como repórter de cidades na Rádio Itatiaia desde 2022