Tia de criança vítima de tentativa de abuso em BH desabafa e revela sensação de injustiça

A mãe da menina de 7 anos recebeu voz de prisão após ser flagrada participando do espancamento de suspeito

A mãe da criança filmou parte do espancamento e o momento em que o homem foi levado para a Vila Joana D’arc, onde as agressões continuaram

Um homem de 51 anos foi preso após ser linchado por populares, na tarde desta quinta-feira (18), a Vila Joana D’arc, Região do Barreiro, em Belo Horizonte, por tentar aliciar sexualmente uma menina de 7 anos. Ele tentou convencer a mãe da criança a “vendê-la”, porém, a mulher guardou as conversas e marcou um encontro com o suspeito para emboscá-lo. Uma tia da vítima conversou com a Itatiaia, chamou a atitude de “nojenta” e lamentou a prisão da irmã, que participou do espancamento.

“Eu sei que um crime não compensa o outro, mas a gente entende. Imagina se for um familiar seu? A gente quer fazer justiça com as próprias mãos mesmo, então acabou havendo esse conflito lá no meio da rua e, infelizmente, foi dada a voz de prisão para minha irmã”, afirmou a mulher, que não será identificada.

Segundo ela, a mãe da criança ficou revoltada com a situação, o que explica a atitude violenta adotada por ela contra o homem.

“Ela ficou revoltada. Acredito que ela tenha se assustado, porque é de dar nojo. Um homem ter qualquer tipo de olhar malicioso para uma criança de sete anos. Então, ela deve ter ficado super assustada e com ódio. Minha irmã é bem nervosa e ainda mais mexendo com os filhos dela. E aí ela quis fazer justiça com as próprias mãos”, acrescentou.

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A tia da menina contou que a criança está bem, na casa da avó. Porém, revelou sentimento de injustiça com a prisão da mãe.

“Ela está desamparada, não só ela, a família inteira. A gente está com o sentimento de que a Justiça é muito falha porque, igual eu já falei, apesar de um crime não compensar o outro, mexeu com nossas crianças, é claro que a gente não ia ter uma reação diferente disso que aconteceu. Ela tem todas as provas e tudo mais, agora é esperar que a justiça seja feita”, finalizou a mulher.

Entenda o caso

O homem de 51 anos tentou convencer a mãe da criança a “vendê-la”, porém, a mulher guardou as conversas e marcou um encontro com o suspeito para emboscá-lo. O autor foi agredido por populares na Vila Joana D’arc, Região do Barreiro, em Belo Horizonte, e o espancamento só parou com a intervenção da Polícia Militar (PM).

A mãe da criança contou à polícia que saiu com o autor e que, a partir daí, passou a conversar com ele por WhatsApp. Ele, então, teria começado a demonstrar interesse na filha da mulher, dizendo que queria uma menina virgem e que, posteriormente, iria casar com ela.

Ele também insistiu para que a mãe iniciasse a criança em práticas sexuais para “prepará-la” para ele como se fosse “uma brincadeira”. A Itatiaia teve acesso aos prints, porém, não irá divulgá-los pela sensibilidade do conteúdo.

A mãe, então, decidiu acumular provas contra ele, passando a guardar os prints da conversa e marcando um encontro com o homem. Porém, chegando ao local, ele foi surpreendido por terceiros que, junto a mulher, iniciaram o espancamento. Os agressores utilizaram pedaços de madeira e uma barra de ferro.

Tribunal do crime

Na sequência, a mãe da criança insistiu para que o agressor fosse levado para uma localidade na Vila Joana D’arc, onde, segundo a PM, já ocorreram homicídios com características de “justiçamento”, os ditos “tribunais do crime”.

Chegando ao local, a mulher e os terceiros gritaram que o homem, que havia sido imobilizado, tentou estuprar uma criança, o que inflamou a população do local, que começou a espancar o homem e segurá-lo para esperar a chegada de envolvidos com o tráfico de drogas que realizariam o justiçamento, ou seja, executá-lo.

Neste momento, uma equipe da PM que fazia o patrulhamento nas proximidades e havia recebido a denúncia de um homem sendo espancado foi até o local. Com a chegada os militares, a população se dispersou. Apenas um jovem de 24 anos e a mãe da criança ficaram no local, tendo ambos recebido voz de prisão e sendo conduzidos até a delegacia juntamente com o suspeito de aliciamento.

A PM recolheu os aparelhos celulares dos envolvidos para averiguação de provas. Antes de ser levado à delegacia, o homem foi levado à UPA Barreiro por apresentar intenso sangramento.

O que fazer para denunciar abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes?

Quando há suspeita de violência sexual, é importante acionar uma das instituições que atuam na investigação, diagnóstico, enfrentamento e atendimento à vítima e suas famílias: Conselhos Tutelares, Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude (PJDIJ), 1ª Vara da Infância e da Juventude (1ª VIJ), Disque 100 ou 156.

  • Disque denúncia nacional de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes - Disque 100
Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.

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