O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (20) que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia deve ser assinado em janeiro, após um pedido de adiamento da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.
Anteriormente, a previsão era que o tratado fosse concretizado hoje, durante a cúpula de chefes de Estado do bloco sul-americano, em Foz do Iguaçu (PR), mas a resistência de agricultores, sobretudo italianos e franceses,
“Na última semana surgiu um problema com a primeira-ministra Meloni, da Itália, não um problema com o acordo firmado entre Mercosul e União Europeia, mas de um acordo firmado entre a própria União Europeia, porque a Meloni dizia que a distribuição de verba para a agricultura na União Europeia estava prejudicando a Itália. E ela, então, estava com um problema com os produtores agrícolas, que ela não poderia afinar nesse momento o acordo. Então, eu tive uma conversa por telefone com ela. Ela disse textualmente que, no começo de janeiro, ela está pronta para assinar”, declarou o petista no encontro de líderes do Mercosul.
Lula informou ainda que a previsão também foi repassada em carta enviada a ele pelos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa.
“Se ela [Meloni] estiver pronta para assinar e faltar só a França, segundo a Ursula von der Leyen e o António Costa, não haverá possibilidade da França sozinha não permitir o acordo. O acordo será firmado e eu espero que seja assinado, quem sabe, no primeiro mês da presidência do Paraguai, pelo companheiro Santiago Peña”, finalizou.
O acordo
Negociado desde 1999, o tratado busca criar a maior área de livre comércio do mundo, com aproximadamente 718 milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 22 trilhões.
Apesar das cifras gigantescas, a assinatura esbarra na resistência de países europeus, sobretudo da França, Itália e Polônia, que temem perder mercado com a chegada de produtos agrícolas sul-americanos.
Na terça-feira (16), o Parlamento Europeu deu aval a uma versão do acordo com regras mais rígidas de proteção ao agronegócio, exigência do governo de Emmanuel Macron para apoiar as medidas comerciais.
Pelas normas aprovadas, os benefícios tarifários aos países da América do Sul podem ser suspensos caso a União Europeia entenda que eles prejudicam o agronegócio europeu. Os parlamentares também aprovaram a possibilidade de abertura de uma investigação caso as importações de um produto agrícola aumentem 5% em três anos.