Uma série de áudios trazendo a voz de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), vieram à tona na noite de quinta-feira (22). No áudio, o tenente-coronel afirma ter sido coagido a delatar seu ex-chefe. Além disso, ele critica abertamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de possuir poderes absolutos para ordenar prisões ou libertações a seu bel prazer.
Os áudios, todos em tom de desabafo, foram divulgados pelo site da revista Veja, porém, não há esclarecimentos sobre como foram obtidos, nem se foram submetidos à perícia. Segundo a reportagem, a gravação teria ocorrido durante uma conversa entre Cid e um interlocutor após 11 de março de 2024, data em que o tenente-coronel prestou depoimento à Polícia Federal. O nome do interlocutor não foi revelado.
Ouça:
Cid diz ter sido coagido a delatar e critica Alexandre de Moraes; ouça o audio pic.twitter.com/7J6giV4cjP
— Itatiaia (@itatiaia) March 22, 2024
Em um dos áudios, em Cid faz críticas ao ministro Alexandre de Moraes e diz que a sentença contra Bolsonaro já estaria pronta.
Em outro trecho, ele disse ter se sentido coagido a depor, sendo acuado pelos agentes da Polícia Federal.
Segundo o material divulgado pela Veja, Cid aparenta ter sido pressionado a revelar detalhes de reuniões e conversas ocorridas no final de 2022 dentro do núcleo central do governo anterior. Em sua delação, ele menciona relatos de oficiais militares de alta patente em contato com Bolsonaro para discutir a possibilidade de decretar estado de sítio. Segundo informações da Polícia Federal, o objetivo seria impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mágoa com o ex-chefe
Em um dos áudios, Cid revela uma chateação por ter sido, segundo ele, a pessoa mais prejudicada pelas investigações contra o ex-presidente Bolsonaro, o único cuja família foi envolvida na história.
Defesa
Em nota, o advogado de Mauro Cid se manifestou e disse lamentar a divulgação de áudios particulares do militar que, segundo eles, seriam um desabafo. A defesa também alegou que, em nenhum momento, Cid teria comprometido sua delação com a Polícia Federal e nem colocado em dúvida a parcialidade dos investigadores e julgadores. Confira a nota:
“Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda, mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade”