Ouvindo...

Prefeito de BH prevê perda milionária no orçamento por causa do ICMS da Educação; entenda

Fuad Noman defende revisão de lei que define critérios para dividir, entre os municípios de Minas, arrecadação de tributo sobre mercadorias e serviços

Prefeito defende a revisão de lei sobre distribuição de cifras educacionais

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) teme prejuízos ao orçamento público por causa da lei estadual sobre os critérios de distribuição do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para políticas de ensino público. Nesta quinta-feira (18), o prefeito Fuad Noman (PSD) disse que a capital mineira deve perder, anualmente, cifras entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões por causa do chamado ICMS da Educação.

Durante evento com representantes dos níveis municipal e federal das políticas públicas de Assistência Social, Fuad engrossou coro feito pela prefeita de Contagem, Marília Campos (PT). A chefe do Executivo da cidade da Região Metropolitana de BH defendeu a revisão da lei do ICMS educacional.

“Acho que a Assembleia precisa rever essa questão. Isso não é justo. Isso não é ‘Lei Robin Hood’. ‘Lei Robin Hood’ é a que distribui de forma equânime, e não sacrificando tanto quanto estamos sacrificados. Belo Horizonte vai perder nessa situação, por baixo, R$ 50 ou R$ 60 milhões. É dinheiro da educação, que não posso perder”, pediu Fuad.

As críticas de Fuad e Marília estão relacionadas à ausência, nos critérios de divisão do imposto, do número de alunos por município. A ideia é que a parte da arrecadação do ICMS destinada ao ensino público seja fatiada conforme índices atrelados ao desempenho educacional das escolas.

“Não é possível que uma cidade como Belo Horizonte receba R$ 14 por aluno, mas uma cidade com 20 mil ou 30 mil habitantes, receba R$ 7,5 mil por estudante. Não é possível que o estudante de BH valha tão menos que um estudante de uma cidade menor”, reclamou o prefeito de BH.

Entenda o ICMS da Educação

As prefeituras têm acesso a 25% das receitas obtidas pelo estado a partir do ICMS. Dois por cento dessa fatia é enviada à educação. Com a nova lei, posta em vigor no ano passado, o percentual encaminhado às políticas de fomento ao ensino público passará a ser de 10%.

Metade desse montante tem de ser dividido conforme o desempenho dos municípios no Índice de Desempenho Escolar. O critério está ligado às avaliações externas aplicadas pelo poder público em turmas do segundo, do quinto e do nono ano das escolas mantidas pelas prefeituras.

Outros 20% estão ligados ao Índice de Rendimento Escolar, medido por meio das taxas de aprovação, abandono e adequação idade-série dos estudantes. Há, também, 15% de Índice de Atendimento Educacional. Esse critério leva em conta a taxa de atendimento educacional nos níveis e modalidades de ensino mantidas pelas cidades.

A última fatia, correspondente a mais 15% do rateio, vai se basear no Índice de Gestão Escolar, que leva em conta, por exemplo, a participação da comunidade escolar no controle das unidades.

A lista de critérios para a divisão do bolo orçamentário vai ter critérios ligados, por exemplo, à infraestrutura das instituições de ensino, ao combate às desigualdades e à participação da comunidade escolar na gestão das unidades. Por meio dos quesitos será possível, inclusive, disputar sobras do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais (Fundeb) neste ano..

Contagem prevê perda de R$ 40 milhões

Contagem projeta prejuízo em patamar semelhante ao projetado pela Prefeitura de BH: R$ 40 milhões.

“Procurei alguns municípios, o prefeito Fuad, e o prefeito (Vittorio) Medioli, de Betim, para que eles verificassem se nos municípios ocorreu essa perda e para que a gente pudesse se articular para que essa perda fosse ressarcida e corrigida para o futuro”, defendeu Marília.

Fuad, por sua vez, disse que a perda estimada para BH é considerável. “Perder R$ 50 milhões ou R$ 60 milhões do orçamento da educação é muito. Mas espero que não comprometa, ainda, algumas obras que estamos pretendendo fazer. Vamos estudar melhor. Ainda temos tempo. Vamos discutir. Espero que essa lei seja revista em breve”, encerrou.

Leia também

Participe do canal da Itatiaia no Whatsapp e receba as principais notícias do dia direto no seu celular. Clique aqui e se inscreva.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.
Tem mais de 27 anos de experiência jornalística, como gestor de empresas de comunicação em Minas Gerais. Já foi editor-chefe e apresentador de alguns dos principais telejornais do Estado em emissoras como Record, Band e Alterosa, além de repórter de rede nacional. Foi editor-chefe do Jornal Metro e também trabalhou como assessor de imprensa no Senado Federal, Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no Sesc-MG. Na Itatiaia, onde está desde abril de 2023, André é repórter multimídia e apresentador.