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Simões diz que ‘nem a UEMG’ confia no governo Lula após resistência à federalização

A comunidade acadêmica da Universidade tem se manifestado contra a proposta do governo de Minas Gerais de repassar a gestão da instituição para o governo federal

Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo)

Após a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) promover, na terça-feira (1º), uma audiência pública para discutir uma eventual privatização da UEMG, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), afirmou que a resistência da Universidade do Estado (UEMG) a uma eventual federalização mostra que nem a comunidade acadêmica “acredita” no governo federal. “A única coisa que me surpreende é a falta de confiança, daqueles que estão manifestando, no governo federal”, disse nesta quarta-feira (2).

Na terça-feira, servidores e estudantes de diversos campus da Universidade marcaram presença na audiência pública promovida pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa que discutia dois projetos de lei que tramitam na Casa e envolvem a instituição.

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  • PL 3.738/2025: autoriza o Estado a transferir a gestão da UEMG para o governo federal.
  • PL 3.733/2025: autoriza o Executivo a transferir para a União imóveis de propriedade do Estado — incluindo bens que são atualmente da UEMG — como forma de amortecer a dívida de Minas com a União.

“Aparentemente, a reitora não confia no governo federal de jeito nenhum. Eu também não. Nisso, nós temos algo em comum”, disse Simões.

A reitora da UEMG, Lavínia Rosa, participou da audiência na ALMG. Ela criticou a proposta de federalização e afirmou que o governo estadual atropela o conselho universitário e viola a autonomia da instituição ao tomar decisões sem a consulta prévia. “Não é possível que a Assembleia autorize o governador a vender algo que seja da universidade sem a aprovação do conselho. Isso é o que diz a autonomia patrimonial”, declarou.

O vice-governador se mostrou surpreso com a insatisfação dos alunos e servidores na UEMG com a proposta, já que acreditava que a instituição queria ser uma “federal”. “É tão baixa a confiança no governo federal que, nesse momento, nem a universidade pública, que sempre foi uma bandeira do PT, quer se transformar em algo submetida a eles. Temos isso em comum. Se o problema for essa gestão, ela passa e acaba. Se a UEMG estiver com medo só desse governo, podemos fazer salvaguardas para garantir que não haja prejuízo”, declarou.

Bens da universidade

Na visão de Simões seria “injusto” manter imóveis que pertencem à UEMG, mas que, segundo ele, não seriam utilizados. O vice-governador deu como exemplo um prédio da instituição na avenida Antônio Carlos, na região da Pampulha, avaliado em R$ 45 milhões, e outro localizado na avenida José Cândido da Silveira, avaliado em R$ 50 milhões. “A universidade compreende isso? Nós vamos seguir com tranquilidade, mesmo com todo o movimento que foi feito ontem, durante a audiência pública”, afirmou.

Três secretários de governo acompanharam a audiência na ALMG na terça-feira: o secretário de Educação, Igor Alvarenga; de Fazenda, Luiz Cláudio; e de Planejamento e Gestão, Silvia Caroline Dias.

O governo informou que a UEMG teria, atualmente, 50 bens, incluindo lotes e imóveis espalhados nos municípios mineiros. Desses, nove estariam em uso e cinco seriam subutilizados. A maior parte do patrimônio da universidade, segundo a secretaria de Planejamento e Gestão, estaria no município de Ituiutaba, seguido por Passos, Belo Horizonte e Carangola.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.