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Relator do Licenciamento Ambiental diz que projeto não pode ser usado como ‘palco político’

O deputado federal Zé Vitor espera conversar com a ministra Marina Silva, que já criticou publicamente o texto, na primeira semana de julho

Zé Vitor é deputado federal e coordenador da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).

O deputado federal Zé Vitor (PL), relator do projeto de lei do Licenciamento Ambiental na Câmara, afirmou que, apesar das críticas de ambientalistas, está “otimista” com a tramitação do texto. Em entrevista à Itatiaia, ele contou que solicitou reuniões com ministros de diversas pastas, incluindo o Meio Ambiente, para discutir a proposta na primeira semana de julho. Ele ressalta esperar que o tema não seja tratado de forma ideológica.

“Não temos mais espaço para impedir que a votação aconteça. Não há garantia de aprovação — a Câmara pode ser favorável ou não —, mas não dá para ignorar que há uma necessidade de construir uma lei mais adequada à realidade do Brasil. Acho que não podemos fazer disso um palco político, e muito menos um palco eleitoral”, disse.

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A ministra Marina Silva (Rede) já se manifestou publicamente contra o projeto. Em maio, durante uma cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Biodiversidade, ela afirmou que o licenciamento ambiental brasileiro sofreu um “golpe de morte” no Congresso, após a aprovação do texto no Senado.

“Não dá para alguém, por ideologia, sentar em cima de um processo e não analisá-lo. Não dá, por uma insegurança ou por uma tentativa de tumultuar, para não cumprir com o seu dever de analisar e aprovar — ou não — aquele processo de licenciamento”.
— avaliou Zé Vitor.

Ambientalistas chamam o texto de PL da ‘devastação’

O texto — que tramita há 21 anos no Congresso e foi apelidado de PL da “devastação” por ativistas — propõe unificar e simplificar as regras para o licenciamento ambiental.

Principais pontos do projeto

  • Criação da Licença Ambiental Especial (LAE): proposta pelo senador Davi Alcolumbre (União), a LAE permite que o governo federal acelere a aprovação de projetos considerados prioritários para o país.
  • Simplificação da Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC): que passa a ser expedida mediante autodeclaração de adesão e compromisso por parte de empresários de pequenos e médios empreendimentos.
  • Dispensa de licenciamento ambiental para algumas atividades, como o cultivo agrícola e a pecuária extensiva, semi-intensiva e intensiva de pequeno porte, já regulamentadas pelo Código Florestal.
  • Endurecimento das penas para quem construir ou reformar obras ou serviços poluidores sem licença ambiental: a pena passa a ser de seis meses a dois anos de prisão ou multa. Ela pode ser dobrada se o licenciamento exigir Estudo Prévio de Impacto Ambiental.

Na avaliação do relator, há muita “desinformação” sobre o projeto. À Itatiaia, ele afirmou que o texto apenas define prazos, critérios e métodos de análise do processo de licenciamento ambiental, com o objetivo de “vencer” a burocracia.

“A proposta não trata de desmatamento, não permite a devastação ou a poluição — muito pelo contrário. Ela pune quem comete danos ambientais e dobra as penas para quem provoca crimes ambientais”, afirmou.

Se o projeto for aprovado, o deputado acredita que tragédias como os rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho poderão ser evitadas, e os processos de licenciamento, desburocratizados.

“A burocracia só interessa a quem ganha dinheiro com ela ou a quem obtém algum tipo de vantagem a partir dela. Acho que precisamos vencer essa dificuldade de acesso ao licenciamento e de regularização”, concluiu.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.