O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou nesta sexta-feira (1º) que Belém continuará como sede da COP30, mesmo diante das críticas sobre o preço das hospedagens na capital paraense. Delegações estrangeiras chegaram a solicitar oficialmente a mudança da conferência climática da ONU para outra cidade, após constatarem que diárias de hotéis estão até dez vezes acima do valor normal.
Segundo o ministro, o governo mantém diálogo com a ONU e com a rede hoteleira para resolver o impasse, e uma nova reunião sobre hospedagem e logística será realizada em 11 de agosto.
“Não acredito que haja nenhuma possibilidade (de trocar de lugar). Eu acho que o presidente Lula, quando ele escolheu a Belém como a sede da Copa, tinha uma intenção, a intenção de mostrar para a o mundo como é a realidade de uma cidade amazônica”, afirmou o ministro a jornalistas.
O problema, que se tornou um dos principais pontos de tensão do evento, afeta a organização da COP30, marcada para novembro de 2025. A cidade deve receber cerca de 50 mil visitantes, incluindo delegações de mais de 190 países, cientistas, empresários e representantes da sociedade civil, mas ainda corre contra o tempo para ampliar a oferta de acomodações.
Enquanto a montagem dos pavilhões já está em andamento, hotéis, residências e até escolas estão sendo adaptados para receber participantes. Motéis também passaram por reformas para atuar como pousadas temporárias, e uma vila exclusiva de 6 mil metros quadrados está sendo construída para hospedar executivos, com estruturas feitas de plástico reciclado e rejeito de açaí.
Para tentar organizar o setor, o governo federal lançou uma plataforma oficial de hospedagens, inicialmente restrita a delegações diplomáticas. Parte delas ficará em transatlânticos ancorados no porto de Belém, com 800 cabines já reservadas. A previsão é abrir o sistema ao público geral na próxima semana, com mais de 2 mil imóveis cadastrados e diárias que podem chegar a US$ 600 (cerca de R$ 3.300).
Na última quinta-feira (31), o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, alertou que alguns hotéis aumentaram seus preços em até 15 vezes, o que gerou mal-estar diplomático e motivou pedidos formais de transferência do evento. Ele disse que a Casa Civil coordena um grupo de trabalho para tentar conter a escalada, mas ressaltou que a legislação brasileira não permite impor limites às tarifas.
A COP30 será a primeira conferência climática da ONU realizada na Amazônia e deve reunir chefes de Estado, ministros, diplomatas e representantes da sociedade civil de todo o mundo.