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PDT emite nota discordando de votos de membros do partido a favor da PEC do Referendo

Os dois deputados da legenda com mandato na Assembleia Legislativa de Minas Gerais foram a favor de projeto que acelera a privatização da Copasa

Galerias lotadas durante a sessão de votação da PEC do Referendo em segundo turno

O Partido Democrático Trabalhista (PDT) emitiu uma nota de desagravo acerca da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, que derruba a exigência da realização de um referendo popular para a privatização da Copasa. O texto, de autoria do governador Romeu Zema (Novo) foi aprovado em segundo turno na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na última quarta-feira (5) contando com votos favoráveis dos dois únicos deputados pedetistas da Casa, Alencar da Silveira Jr. e Thiago Cota.

Na nota assinada pelo deputado federal Mário Heringer, presidente estadual do PDT, o partido diz que a PEC retira dos mineiros o direito de opinar sobre o futuro do patrimônio do estado. O texto ainda afirma que a posição dos dois parlamentares da legenda na Assembleia não corresponde à do diretório estadual. Sem o voto de apenas um dos dois pedetistas da Casa, a PEC não teria sido aprovada.

Alencar e Thiago Cota não se manifestaram oficialmente sobre a nota do partido. A Itatiaia tenta contato com ambos e mantém o espaço aberto para inclusão dos posicionamentos dos deputados.

A chamada PEC do Referendo foi aprovada pela conta mínima de 48 votos favoráveis contra 22 contrários na tarde de quarta-feira. A sessão durou mais de sete horas e foi marcada por situações inusitadas como a inversão de papéis entre base e oposição no momento de obstrução da pauta; uma troca de empurrões entre deputados; e com a validade do voto definitivo para a aprovação do texto feita através de análises das câmeras da Assembleia.

Votação em primeiro turno

A mudança na Constituição foi aprovada em primeiro turno em uma reunião longa e conturbada no plenário. Marcada para as 18h da última quinta-feira (23) a votação foi estendida madrugada adentro e durou até as 04h30 da madrugada, quando 52 deputados governistas superaram a marca dos 48 votos exigidos para a aprovação da PEC.

Na semana passada, diante da obstrução da oposição, o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB) marcou reuniões para 0h01, 06h e 12h da sexta-feira.

A empreitada pela privatização da Copasa, além da PEC 24/2023, inclui o Projeto de Lei (PL)4380/2025, que versa especificamente sobre a venda da companhia em si. O texto ainda está em sua primeira etapa de tramitação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Antes de ser votada em primeiro turno no plenário, a proposta ainda deve passar pelas comissões de Administração Pública (APU); e Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO).

A PEC do referendo

A chamada “PEC do Referendo” visa permitir a privatização das estatais altera o a Constituição de Minas Gerais no ponto em que a venda de Cemig, Copasa e Gasmig só podem ser vendidas mediante autorização do eleitor do estado. Este artigo está na legislação mineira desde 2001, quando foi proposto pelo então governador Itamar Franco e aprovado por unanimidade na Assembleia.

A PEC foi aprovada em primeiro turno na madrugada da última sexta-feira (24), quando a base governista conseguiu votar o texto às 4h30 após mais de dez horas de sessão em plenário.

Copasa no Propag

A privatização da Copasa, bem como da Gasmig e da Cemig, já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Propag. Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisa retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.