Ouvindo...

PEC que libera privatização da Copasa sem consulta popular é aprovada na ALMG

Proposta do governo Zema foi aprovada com 48 votos favoráveis e muitos questionamentos da oposição em votação marcada por clima tenso entre deputados

Deputados votaram nesta quarta-feira (5) PEC que acaba com exigência do Referendo para a privatização da Copasa

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a exigência de um referendo para a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) foi aprovada, de forma definitiva, na tarde desta quarta-feira (5), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Por 48 votos a 22, a proposta elaborada pelo governador Romeu Zema (Novo), foi aprovada em segundo turno e será promulgada pelo Legislativo mineiro.

O voto do deputado Bruno Engler (PL), que foi declarado no plenário da ALMG, foi motivo de questionamento de parlamentares da oposição, já que a contagem inicial deu 47 votos. Com o voto de Engler, o governo conseguiu os votos necessários para aprovar a PEC.

Oposição contesta resultado

Deputados da oposição prometem contestar o resultado da votação, argumentando que Engler não estaria dentro do plenário na hora da votação e, portanto, não poderia ter o voto contabilizado.

A votação aconteceu após uma sessão de obstrução na manhã desta quarta-feira (5), quando vários deputados de oposição ao governo Zema se revezaram no parlamento para falar contra a privatização da estatal mineira.

Veja mais: Privatização da Copasa: sessão na ALMG tem troca de empurrões e clima tenso; veja vídeo

A venda da Copasa é apontada pelo governo Zema como fundamental para que o estado possa aderir ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag). Segundo o governo estadual, os recursos arrecadados com a venda da Copasa serão usados para cumprir as exigências de investimentos no programa federal.

Votação em primeiro turno

A mudança na Constituição foi aprovada em primeiro turno em uma reunião longa e conturbada no plenário. Marcada para as 18h da última quinta-feira (23) a votação foi estendida madrugada adentro e durou até as 04h30 da madrugada, quando 52 deputados governistas superaram a marca dos 48 votos exigidos para a aprovação da PEC.

Na semana passada, diante da obstrução da oposição, o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB) marcou reuniões para 0h01, 06h e 12h da sexta-feira.

A empreitada pela privatização da Copasa, além da PEC 24/2023, inclui o Projeto de Lei (PL)4380/2025, que versa especificamente sobre a venda da companhia em si. O texto ainda está em sua primeira etapa de tramitação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Antes de ser votada em primeiro turno no plenário, a proposta ainda deve passar pelas comissões de Administração Pública (APU); e Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO).

A PEC do referendo

A chamada “PEC do Referendo” visa permitir a privatização das estatais altera o a Constituição de Minas Gerais no ponto em que a venda de Cemig, Copasa e Gasmig só podem ser vendidas mediante autorização do eleitor do estado. Este artigo está na legislação mineira desde 2001, quando foi proposto pelo então governador Itamar Franco e aprovado por unanimidade na Assembleia.

A PEC foi aprovada em primeiro turno na madrugada da última sexta-feira (24), quando a base governista conseguiu votar o texto às 4h30 após mais de dez horas de sessão em plenário.

Copasa no Propag

A privatização da Copasa, bem como da Gasmig e da Cemig, já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Propag. Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisa retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

Leia também

Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.