O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou, nesta quarta-feira (3), o segundo dia de julgamento da ação que apura a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus na suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A sessão teve início às 9h17 e os ministros da Primeira Turma ouviram as sustentações das defesas de Bolsonaro; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e do general Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro.
Primeiro a se manifestar nesta quarta-feira (3), o advogado Matheus Milanez abriu a sessão reclamando da inclusão de novos arquivos e informações no processo dias antes do julgamento.
Em seguida,
Milanez também afirmou que
Trabalho ‘cerceado’
Quase todos os advogados de defesa reclamaram da dificuldade para analisar todo o material do processo e citaram que
“Ele (Mauro Cid) foi chamado para depor 11, 12, 15 ou 16 vezes. Em todas as 16 vezes ele mudou de versão diversas vezes. Não sou eu que estou dizendo, mas o MP e a PF. No último relatório, de novembro, a acusação diz que ele tem inúmeras versões e alterações”, afirmou o advogado de Bolsonaro”, afirmou o advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente.
Defesa à delação
O advogado do ex-ministro da Defesa Paulo Nogueira, Andrew Fernandes Farias, adotou uma estratégia distinta da de outros réus. Enquanto advogados de Bolsonaro e outras figuras buscam enfraquecer a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, o defensor utilizou trechos da colaboração para reforçar sua tese.
Ele afirmou que o ex-ministro da Defesa
“O general Paulo Sérgio atuou para demover o presidente de caminhar por qualquer medida de exceção. A inocência do general Paulo Sérgio, segundo a delação, o depoimento da principal testemunha de acusação, é manifesta”, declarou Farias. O advogado disse ainda que o general se mostrou desconfortável diante da possibilidade de adoção de “medidas de exceção” e que, em reunião realizada em 2022, aconselhou Bolsonaro sobre a impossibilidade de reverter o resultado das eleições.
Interferências
A sessão também ficou marcada por algumas interrupções durante a sessão, seja para esclarecimentos dos ministros,
Em um momento, Vilardi cometeu uma gafe, foi questionado pelo ministro da Primeira Turma, Flávio Dino, e se corrigiu.
Veja o diálogo:
Vilardi: “O presidente disse, como disseram o ministro do Exército e o Brigadeiro, chefe de aeronáutica e chefe do exército, que houve uma conversa no dia 7/12”.
Dino: “Fiquei em dúvida: vossa excelência alude o tempo todo a ‘ministro do exército’. Como este ministério não existe, está falando de quem exatamente?’
Vilardi: “Perdão, estou falando do chefe do exército”.
Dino: “O Freire Gomes?”
Vilardi: “Freire Gomes. Perdão. O ministro da Defesa, Vossa Excelência tem razão. Estou falando do chefe do Exército, do chefe da Aeronáutica”.
Já Andrew Fernandes, que defende o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, protagonizou outro momento inusitado. Enquanto argumentava, Andrew
Confira o diálogo:
Advogado: “Outra questão é que, na contestação pública, e aqui eu lembro minha sogra, ela sempre diz: que, às vezes, as palavras são como um punhal, como uma arma, elas machucam. E por que lembrei da minha sogra?”
Fávio Dino: “Eu também estou curioso.”
Alexandre de Moraes: “A sua sogra fala isso... ou as palavras dela são o punhal?”
Advogado (rindo): “Não, de forma alguma. Tenho um amor profundo por ela.”
Flávio Dino: “O seu antecessor citou Dreyfus, depois Gonçalves Dias... e agora você cita sua sogra. Estou curioso.”
Além disso,
Já durante a fala do advogado de Braga Netto, José Luiz Oliveira Lima, no Supremo Tribunal Federal, os microfones apresentaram uma falha técnica e pararam de funcionar.
O presidente da sessão, Zanin, interrompeu a sustentação do advogado até que o problema fosse resolvido. O áudio foi restabelecido pouco tempo depois, e o advogado pôde continuar sua apresentação.
O julgamento será retomado às 9 da manhã da próxima terça-feira (09).