O advogado Matheus Milanez, que representa o general Augusto Heleno — ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional no governo Jair Bolsonaro — afirmou nesta quarta-feira (3), no
Na defesa, Milanez afirmou que o general se opunha à política tradicional representada pelo Centrão e, por isso, o movimento de Bolsonaro em direção a esse grupo político levou ao afastamento de Heleno. Mesmo assim, segundo o advogado, o general manteve seu apoio ao ex-presidente.
“General Heleno era contra essa política tradicional. Era a favor de políticos não de carreira, mas de pessoas que se destacassem pelo seu interesse na defesa nacional. Então, por conta desse posicionamento dele, muito claro desde o início do mandato, quando o presidente Bolsonaro se aproxima dos partidos de Centrão e tem sua filiação ao PL, inicia-se sim um afastamento no sentido da cúpula do poder. Claro que não existia um afastamento claro, 100%, até porque se fosse 100% ele desembarcaria do governo e se deixaria de ser apoiador do presidente, mas publicamente ele sempre foi apoiador do presidente, continuou sendo e o defendeu”, disse.
Milanez também mostrou matérias jornalísticas que ilustram a aproximação de Bolsonaro com o Centrão enquanto era presidente e uma reportagem do portal da Veja que diz que Augusto Heleno estava em um “fim melancólico” no governo do ex-presidente.
A reportagem diz:
“Famoso na campanha pelos ataques ao centrão, Augusto Heleno assistiu de camarote no Planalto a Jair Bolsonaro entregar o governo aos tão odiados ‘inimigos políticos’ do Congresso. Bolsonaro deu a Casa Civil a Ciro Nogueira e fez uma aliança com Arthur Lira que garantiu a governabilidade na Câmara.
Com novos amigos, Heleno foi sendo deixado de lado por Bolsonaro. Agora, sem espaço no jogo político, o ministro do GSI adoraria ser o vice do presidente no projeto à reeleição. A realidade, no entanto, é mais dura a Heleno. Ele, segundo fontes do governo, vai terminar os dias no GSI, isolado pelo centrão. ‘Sem chance de ser vice’, diz um ministro”.
O advogado ainda apresentou depoimentos de testemunhas durante o processo que confirmaram um afastamento do General Heleno de Bolsonaro e uma menor participação do então ministro-chefe do gabinete da presidência da República a partir da metade do mandato.
Em uma delas, atribuída ao coronel Amilton, assessor especial da comunicação social da imprensa, teria dito que o afastamento aconteceu “a partir da filiação do presidente ao PL. E isso porque o general Heleno, isso é fato, numa convenção, antes do presidente Bolsonaro assumir, ele assumiu publicamente reservas quanto à corrente majoritária do Congresso Nacional”.
Defesa de Heleno
A defesa do general Augusto Heleno foca a sua sustentação em 107 slides na retomada do julgamento de uma trama de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (3). A apresentação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Matheus Milanez apresenta o documento, composto por imagens, em slides exibidos durante a sustentação oral.
Heleno é acusado de ajudar o ex-presidente Bolsonaro em um suposto plano de golpe em 2022. Ele teria divulgado, segundo as investigações, notícias falsas sobre o processo eleitoral, além de ter feito críticas aos ministros do Supremo.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Heleno também tinha conhecimento do uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar aliados de Bolsonaro.