O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil ainda não conseguiu consolidar uma classe dirigente autônoma, capaz de conduzir o país com uma visão de longo prazo e de desenvolvimento nacional. A avaliação foi feita durante entrevista ao podcast 3 Irmãos, no último sábado (27), e tocou em pontos centrais da leitura política e histórica do ministro.
Segundo Haddad:
- O país continua marcado por uma elite socioeconômica dominante, interessada majoritariamente na acumulação de bens e na manutenção de privilégios.
- Projetos políticos que buscaram romper com essa lógica, em diferentes momentos da história, foram interrompidos por movimentos autoritários ou reacionários. Ele citou como exemplos o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, a deposição de João Goulart, em 1964, e a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018.
- A formação de uma classe dirigente não implica homogeneidade ideológica, mas exige a construção de consensos mínimos em torno de um projeto de país.
Haddad destacou ainda que a ausência dessa classe dirigente dificulta a superação de problemas estruturais:
- “Nós estamos em um país absurdamente desigual. Precisamos começar a fazer alguma coisa para o povo crescer, ascender”, afirmou.
- Para ele, a resistência da elite em aceitar o fortalecimento de lideranças autônomas trava o caminho do desenvolvimento.
- “A classe dominante tem medo de uma classe dirigente mais independente. E não há país grande no mundo sem isso”, completou.
O ministro apontou que a experiência atual do governo federal faz parte desse esforço de construção de uma nova classe dirigente, voltada a pensar além dos interesses imediatos e individuais. O objetivo, segundo ele, é abrir espaço para um projeto de desenvolvimento que projete o Brasil em escala global e enfrente a desigualdade social que ainda marca a vida de milhões de brasileiros.