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Lista de Zema com imóveis 'à venda’ pode voltar à pauta da Assembleia nesta semana

Relação com mais de 300 prédios que governo estadual pretende usar para refinanciamento da dívida com a União deve voltar à discussão na segunda-feira (29)

Pacote de medidas do Propag ocupam boa parte da pauta da Assembleia no ano de 2025

O Projeto de Lei (PL) 3.7.33/2025, um dos mais polêmicos do pacote de medidas propostas pelo governador Romeu Zema (Novo) no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), deve voltar à pauta da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (29). A proposta prevê a federalização ou venda de mais de 300 imóveis do estado e está parada na Casa desde junho.

A alienação dos imóveis integra a empreitada do governo estadual para amortizar parte da dívida de cerca de R$ 170 bilhões com a União e parcelar o restante em até 30 anos e com juros reduzidos, conforme prevê o Propag.

A previsão é de que seja convocada uma reunião extraordinária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) às 16h para discutir o tema. A lista de imóveis que o Governo de Minas pretende incluir nas negociações do Propag gerou repercussão pela extensão e por incluir equipamentos em uso na capital mineira e em cidades do interior.

Entre os imóveis estão prédios históricos como o Palácio das Artes e a Escola Estadual Governador Milton Campos, conhecida como “Estadual Central”; o Hospital Risoleta Tolentino Neves; prédios que abrigam a estrutura de prefeituras e comarcas da Justiça no interior; e até mesmo a sede do Executivo, a Cidade Administrativa.

A presença de equipamentos públicos em utilização na lista de possíveis alienações gerou repercussão e municiou críticas da oposição. Além da natureza dos prédios, foi criticado o ponto do projeto que prevê que, em caso de leilão mal sucedido à iniciativa privada, o valor dos bens à venda pode ser reduzido em até 45%, quase metade do preço.

Tramitação travada

A lista com 343 imóveis chegou à CCJ em 9 de maio. O texto segue na primeira etapa de tramitação de projetos na Casa. Durante o processo, parlamentares de oposição apresentaram emendas que retiram centenas de imóveis da lista.

O relator do texto na comissão, Doorgal Andrada (PRD), apresentou um parecer pela constitucionalidade do projeto em forma de um substitutivo. O parecer do deputado ainda não foi votado, o que deve acontecer nesta segunda.

Na proposta, Andrada defendeu a divisão dos bens em categorias, a obrigatoriedade do uso dos recursos obtidos com a eventual venda para o pagamento da dívida com a União e demandou cópias atualizadas dos registros dos imóveis.

Nos últimos meses, o plenário da Assembleia recebeu uma série de moções de repúdio de instituições cujas sedes ou prédios a elas relacionados estão incluídas na lista de imóveis ‘à venda’. Entre elas estão as câmaras municipais de Barbacena, Carangola, Frutal, Belo Horizonte e João Monlevade; a Associação dos Docentes da Uemg (Aduemg); e o Conselho Regional de Psicologia (CRP-MG).

Os imóveis no Propag

O Propag prevê o parcelamento da dívida dos estados em até 30 anos e mecanismos para a redução dos juros, hoje fixados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Minas deve cerca de R$ 170 bilhões à União.

Com a privatização e a federalização de companhias estatais e imóveis, o Governo de Minas almeja amortizar, ao menos, 20% do estoque da dívida e, com isso, reduzir os juros em dois pontos percentuais cobrados acima da inflação. Para a alienação dos bens, o Executivo precisa do aval da Assembleia.

A Assembleia já aprovou a federalização da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e o uso de créditos da dívida ativa e previdenciários para pagar o débito. Tramitam na casa projetos relacionados à Copasa e à Minas Gerais Participações (MGI).

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.