Ouvindo...

Trabalhadores da Copasa lotam Assembleia em audiência sobre privatização da empresa

Audiência Pública para debater a retirada da necessidade de referendo para a venda da companhia, processo incluído nas discussões do Propag

Trabalhadores da Copasa lotaram o hall da Assembleia Legislativa durante audiência pública sobre a privatização da companhia

Centenas de funcionários da Copasa lotaram o Auditório José Alencar e o hall principal da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na manhã desta quarta-feira (24) em audiência pública sobre o processo de privatização da empresa. Os trabalhadores foram convidados para debater a proposta de emenda à constituição (PEC) que retira a necessidade de referendo popular para a venda da companhia de saneamento do estado.

Dominada por parlamentares da oposição, a audiência debate a PEC 24/2023, que muda a Constituição de Minas Gerais no trecho em que está prevista a necessidade de consulta pública para autorizar que empresas de energia, gás e saneamento sejam privatizadas. A empreitada é uma prioridade para o governador Romeu Zema (Novo) desde seu primeiro mandato e ganhou nova vida com a criação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

Com gritos de ‘Fora Zema’, os trabalhadores protestam contra a possibilidade de privatização da Copasa. Para abrir os trabalhos, o deputado Betão (PT) classificou a necessidade do referendo como uma vitória do parlamento no início deste século, quando a Assembleia aprovou por unanimidade e medida proposta pelo então governador Itamar Franco.

A Copasa no Propag

O Propag, aprovado no Congresso Nacional no fim do ano passado e regulamentado pelo governo federal em abril deste ano, prevê que estados possam parcelar sua dívida com a União em até 30 anos. Mecanismos permitem ainda que os juros, hoje estabelecidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% do débito ao ano sejam reduzidos apenas ao indicador de inflação.

O Governo de Minas pretende ingressar no programa reduzindo dois pontos percentuais dos juros com o pagamento de ao menos 20% do estoque da dívida com a União, hoje orçada em R$ 170 bilhões. Para isso, o Executivo pretende transferir estatais ao governo federal ou privatizá-las, usando o dinheiro para pagar a dívida.

Cemig e Copasa estavam nos planos de privatização do governo Zema. A companhia energética, no entanto, foi retirada do texto da PEC do referendo após meses de intensas tratativas na Assembleia. A empresa de saneamento foi mantida na proposta, que avançou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e agora aguarda a criação de um grupo especial de avaliação do texto antes de ir a plenário.

Leia também

Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.