Muito da estratégia acontece a reboque de sua pré-candidatura à Presidência da República, anunciada em agosto, em São Paulo, e devido ao vasto desconhecimento que o governador mineiro tem fora do estado.
Na mesma toada, Zema vem tentando emplacar entrevistas com os maiores veículos de comunicação do Brasil - vide sua recente participação no Roda Viva, da TV Cultura - e conversas com jornais como O Globo e a Folha de São Paulo. Além disso, Zema tem feito um mutirão de aparições em podcasts, como o Flow, um dos maiores do país.
A tentativa de nacionalização de sua figura, contudo, enfrenta um duplo - ao passo que as publicações “exóticas” do governador conseguem pautar grande parte dos jornais Brasil afora, corre-se o risco de desconstruir a imagem de “homem do mercado” para um público que ainda não conhece o trabalho do governador em Minas.
Nas pesquisas de opinião sobre as eleições de 2026, contudo, a estratégia parece ainda não ter surtido o efeito esperado - e
Internamente, entende-se que despertar a atenção do eleitor é “muito importante” quanto à comunicação do governador. Uma fonte, que preferiu não ser identificada, relata que as estratégias são baseadas, sim, na nacionalização de Zema e afirma que já têm trazido resultados.
“As pessoas estão o tempo inteiro inundadas por informação e por uma competição incessante por atenção. Nenhuma forma de comunicação é efetiva se ela não despertar a atenção”, destaca a fonte.
O interlocutor cita a publicação de Zema feita nessa quarta-feira (24) sobre a PEC da Blindagem, em que o governador aparece “fantasiado” de cavaleiro, em uma imagem feita com inteligência artificial, e pontua que ela foi repercutida nacionalmente.
Entende-se na pré-campanha que “dificilmente” conteúdos mais contundentes chamariam tanto a atenção quanto publicações que tentam conversar melhor com o ambiente digital. Isso é representado em números – o governador teve um salto de seguidores no Instagram e, no Tiktok, seu alcance nas publicações aumentou em cerca de três vezes desde fevereiro.
Outro ponto é a inserção de Zema em debates nacionais, como as pautas sobre anistia dos condenados pelo 8 de janeiro e a PEC da Blindagem, além de participação em eventos ao lado de figuras proeminentes da direita nacional, como ocorreu em 7 de Setembro, quando o governador foi à avenida Paulista, em São Paulo, na manifestação bolsonarista.
Na pré-campanha, afasta-se a possibilidade de que as publicações de Zema o tornem um candidato “caricato”. “A imagem dele de gestor está ancorada em duas coisas muito importantes. Primeiro a trajetória privada dele, depois ele tem que encarar um estado de Minas Gerais em uma situação de crise nunca antes vista. E ele consegue colocar Minas nos trilhos”, define um interlocutor.
“Você ter uma comunicação que fala a linguagem própria do meio, porque o digital é um meio em que ser mais leve, ser mais provocativo e eventualmente até rir de si mesmo é algo natural. O importante é que Zema fosse capaz de falar a língua própria do meio digital. não creio que isso dispute ele ser um bom administrador, não”, acrescenta.
Ainda é pontuado internamente que, ao contrário das primeiras pesquisas de opinião, hoje Zema é incluído em qualquer levantamento feito. Ainda, os indicadores tiveram aumentos quanto ao nível de conhecimento do governador, apesar de ainda estarem abaixo de outros governadores de direita que pleiteiam o cargo de presidente, como Ratinho Jr. (PSD) e Ronaldo Caiado (União Brasil).
“A última coisa que vai se mover é a intenção de voto. As primeiras coisas que vão se mover são a popularidade digital e a relevância política”, finaliza a fonte.