Haddad cita atividade do crime organizado nos EUA e pede cooperação internacional

Ministro da Fazenda aponta esquema para lavagem de dinheiro utilizando empresas abertas nos Estados Unidos

Haddad comentou operação da Polícia Federal que mirou fraudes fiscais no setor de combustíveis

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que o crime organizado no Brasil está utilizando empresas dos Estados Unidos para lavar dinheiro e importando armamento do mercado americano. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (27) após a megaoperação da Polícia Federal mirando fraude fiscal no setor de combustíveis, o ministro disse que é necessária uma cooperação entre os países para atuar no combate do que ele classificou como uma prática de triangulação internacional para favorecer atividades ilícitas.

Durante a entrevista, Haddad disse que empresas estão sendo abertas nos Estados Unidos e contraindo empréstimos sob gestão do crime organizado. Os recursos obtidos no país da América do Norte, por sua vez, voltam ao Brasil como um investimento estrangeiro. O ministro demandou cooperação internacional para investigar as suspeitas de lavagem de dinheiro de origem criminosa.

O ministro defendeu a criação de um grupo de trabalho para evitar não apenas a lavagem de dinheiro, mas a chegada de peças de armas e o armamento em si no Brasil dentro de contêineres oriundos dos Estados Unidos.

“Se queremos impedir que a droga chegue lá, é fundamental inibir o crime nos territórios impedindo que o armamento pesado chegue ao Brasil”, acrescentou

Grupo Refit na mira

O principal alvo da Operação Poço de Lobato, deflagrada nesta quinta, é o Grupo Refit, dono da refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro. A empresa também é investigada no âmbito da Operação Cadeia de Carbono, que apura crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal via fraudes no setor de combustíveis.

A empresa é uma das maiores devedoras de Imposto sobre Circulação de Mercadorias ou Serviços (ICMS) em São Paulo e no Rio de Janeiro e está no centro da operação que determinou 126 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.

Hoje, o Grupo Refit deve mais de R$ 26 bilhões em impostos no Brasil. Diante do cenário, Haddad reforçou seu apelo pela aprovação da lei do devedor contumaz no Congresso Nacional como forma de estrangular financeiramente facções criminosas a partir do rastreamento de atividades de lavagem de dinheiro.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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