O governo de Minas Gerais vai reeditar a portaria publicada na última sexta-feira (19), e posteriormente revogada, que autoriza eventos privados no Palácio da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. De acordo com a secretária de Estado de Cultura e Turismo, Bárbara Botega, a medida foi retirada apenas para que ocorressem “pequenas correções” no texto.
“Na segunda-feira, eu pedi para que fosse revogado o ato, mas não por discordar dele, mas por uma pequenina, bem pequena mesmo, incorreção que a gente tinha dentro do texto. Acho que em poucos dias isso já vai ser republicado”, declarou a chefe da pasta.
A secretária pontua que, para o governo, é esperado que o espaço se torne “economicamente viável”. “A gente tem muito orgulho disso e para que isso se mantenha aberto, a gente precisa que seja economicamente sustentável. A gente entende que o palácio é para ser de todos, já existia uma demanda muito grande por eventos acontecendo ali, com uma aceitação enorme do povo mineiro de ocupar e utilizar esse espaço”, destacou.
Ela afirma ainda que o patrimônio “é para ser vivido e experimentado por todos”, e não para ser “guardado a sete chaves como era no passado”. “(Para isso), tudo tem que ser pago. A gente tem que prezar pela manutenção desse patrimônio, obviamente que com responsabilidade e isso vai ser feito”, acrescenta.
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A nota é assinada por Eduardo Azeredo (PSDB), governador entre 1995 e 1998; Aécio Neves (PSDB), com mandato entre 2003 e 2010; Antônio Augusto Anastasia, que governou o estado de 2010 a 2014; e Fernando Pimentel (PT), que antecedeu Zema entre 2015 e 2018.
“Acho que os ex-governadores têm uma visão muito diferente frente ao que a gente entende nesse governo por utilização do espaço público e do patrimônio. O que antes aquilo ali era um mistério, a gente vê a alegria, a gente vê a cultura, ele passou a ser a casa da cultura, da arte, da economia criativa”, descreve.
Ela defende que houve articulação com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) para que a portaria fosse redigida e que o processo ocorra “em prol do patrimônio, valorizando cada vez mais esse equipamento”.
“São visões diferentes do que a gente espera e do que a gente entende como vivência mesmo e respeito e valorização do patrimônio, a gente respeita a posição deles, mas a posição realmente desse governo é diferente em relação a isso”, pontua.
Na carta, os ex-governadores afirmam que a deliberação “macula as mais legítimas tradições de nossa história política” e que o símbolo máximo do Poder Público do estado deixa sua função “essencial” para se transformar em “cenário de exibição de interesses privados”.
“É fato que o Palácio da Liberdade já serviu de palco para diversas manifestações culturais, sociais e gastronômicas, mas todas elas de iniciativa oficial e com reconhecido caráter de interesse público. Ao permitir a locação particular, destinada a pessoas abastadas, que possam arcar com os seus custos, seremos testemunhas da banalização do edifício sede da identidade de Minas Gerais como Estado federado, repleto das mais reconhecidas tradições e memórias de nossa gente”, diz trecho do texto.