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Gastos públicos de deputados com divulgação do mandato já somam quase R$ 256 milhões

Levantamento detalha o uso da cota parlamentar para divulgação da atividade dos deputados federais desde o início de mandato

Levantamento da Itatiaia mostra como os recursos das cotas parlamentares são usados na Câmara dos Deputados

Os deputados federais do Brasil já gastaram R$ 255.963.490,87 em cotas para a divulgação da atividade parlamentar apenas neste mandato. Levantamento feito pela Itatiaia entre janeiro de 2023 e setembro de 2025 detalha como os recursos do cofre do Congresso Nacional são utilizados. Uma série de matérias detalhando os gastos será publicada nesta semana.

Além de seus salários de R$ 46.366,19 e de receberem R$ 133.170,54 mensalmente para o custeio de seus gabinetes, os deputados federais têm recursos definidos como Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), que servem para custear a atividade na Câmara e em seus redutos eleitorais.

Os dados abertos do Portal da Transparência da Câmara dos Deputados detalha como foram gastos os recursos, quem os recebeu e quando eles saíram do caixa da Casa. No período analisado, por exemplo, o maior gasto médio mensal ocorreu em 2024.

  • 2023: R$ 91,5 milhões; média de R$ 7,6 milhões mensais
  • 2024:R$ 100,1 milhões; média de R$ 8,3 milhões mensais
  • 2025: R$ 64,3 milhões; média de R$ 7,1 milhões mensais (contados até setembro)

As cotas parlamentares são um recurso importante para o exercício da democracia representativa. Como os deputados são eleitos em suas bases espalhadas por todo o Brasil, mas atuam em parte de suas semanas em Brasília, a justificativa para o dinheiro é permitir o deslocamento dos parlamentares e o contato mais eficiente entre as atividades do mandato e os eleitores a quem ele deve representar.

O que é a divulgação de atividade parlamentar?

A divulgação da atividade parlamentar é uma das 13 modalidades de gastos cobertas pelas cotas e é a mais dispendiosa. O uso do recurso é definido como uma forma de informar as atividades do mandato do parlamentar aos eleitores.

O trabalho do deputado na apresentação de projetos, viagens oficiais, discursos e emendas empenhadas, por exemplo, pode ser apresentado aos eleitores com o emprego do dinheiro separado nas cotas parlamentares.

Entre os produtos pagos com o dinheiro se incluem anúncios em veículos de comunicação e em redes sociais na internet; produção de materiais gráficos como jornais, folhetos e revistas; a manutenção de sites oficiais do mandato; e serviços de assessoria de imprensa.

O que são as cotas parlamentares?

A Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) foi instituída em 2001 como uma forma de unificar as antigas verbas indenizatórias. O benefício reúne os gastos com divulgação; serviços de escritório; locação de automóveis e compra de combustíveis; e passagens aéreas.

O valor da cota para cada deputado varia de acordo com o estado que ele representa e é calculado de acordo com o preço da passagem aérea para Brasília. Cada parlamentar mineiro tem acesso a R$ 41.886,51 mensais. O maior valor é o de Roraima: R$ 51.406,33 e o menor, logicamente, é o do Distrito Federal: R$ 36.582,46.

  • Passagens aéreas, incluindo o despacho de bagagens pessoais e os serviços de acesso à internet oferecidos por companhias aéreas ou aeroportos;
  • Telefones dos gabinetes, dos escritórios nos estados e dos imóveis funcionais, e as despesas com o celular funcional do deputado;
  • Manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar, como locação de imóveis, energia elétrica, água e esgoto, acesso à internet, entre outros;
  • Assinatura de publicações;
  • Alimentação do deputado;
  • Hospedagem, exceto no Distrito Federal;
  • Despesas com locomoção por locação de aeronaves, veículos automotores, embarcações, táxi, pedágio e estacionamento;
  • Combustíveis e lubrificantes (limite inacumulável de R$ 9.392,00 mensais);
  • Serviços de segurança de empresas especializadas (limite inacumulável de R$ 8.700,00 mensais);
  • Divulgação da atividade parlamentar (exceto nos 120 dias anteriores à data das eleições, se o deputado for candidato);
  • Participação em cursos, congressos ou eventos, realizados por instituição especializada (limite mensal inacumulável de 25% do valor da menor cota – hoje R$7.697,17);
  • Complementação de auxílio-moradia, de acordo com o Ato da Mesa 104/88 (limite inacumulável de R$ 4.148,80 mensais).
  • Aquisição de tokens e certificados digitais.
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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.