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Embaixada dos EUA pede ao Governo de Minas atenção para americanos em vulnerabilidade

Reunião entre autoridades dos EUA e do estado discutiu protocolo de atendimento para americanos e cooperação no caso de mineiros deportados do país estrangeiro

Representantes da embaixada americana em Brasília se reuniram com a secretária de Desenvolvimento Social, Alê Portela

Representantes da embaixada dos Estados Unidos em Brasília se reuniram com o Governo de Minas Gerais na sexta-feira (12) para debater a situação de americanos em situação de vulnerabilidade no estado. O encontro foi solicitado pelo país estrangeiro e o Executivo Estadual aproveitou a oportunidade para pedir uma cooperação nos casos de mineiros deportados dos EUA.

O encontro aconteceu na S ecretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) e terminou com a sugestão da criação de um protocolo de atendimento para imigrantes. De acordo com a pasta, a ideia é atender de forma mais eficiente os americanos em situação de vulnerabilidade como o desabrigo ou falta de recursos.

A secretária de Desenvolvimento Econômico e Social, Alê Portela (PL), celebrou o encontro, que também envolveu a subsecretaria de Trabalho e Renda da pasta para elaborar estratégias de promoção de emprego para americanos no estado.

“Para a Sedese, é fundamental que tenhamos parcerias internacionais fortalecidas. A criação deste protocolo não só atende os cidadãos americanos, mas também nos capacita a aprimorar nossos próprios fluxos de atendimento, o que impacta positivamente toda a população mineira”, disse Portela.

Segundo a secretária, a expectativa é de que o protocolo pensado durante a reunião fique pronto ainda neste ano. A Gerente de Casos da embaixada dos EUA, Andressa Morais, justificou a reunião a partir da preocupação com a situação de americanos vivendo nas ruas em Minas Gerais.

“Nós viemos aqui porque existem vários casos de cidadãos americanos que acabam sem ter onde ficar, na rua, precisando de assistência social. A construção desse contato é importante para que vocês saibam o que podemos fazer e para que possamos contar com vocês para auxiliar essas pessoas”, afirmou.

A embaixada, no entanto, não apresentou informações e dados que revelem quantos cidadãos americanos vivem em condições de vulnerabilidade em Minas Gerais. À Itatiaia, Portela disse que os representantes da Casa Branca enviarão um relatório ao governo mineiro e já garantiram que o estado é o que mais tem imigrantes dos EUA no Brasil. A maior parte deles está concentrada em Belo Horizonte e na região de Governador Valadares, cidade com tradição de migração para a América do Norte.

Mineiros deportados

Eleito pela segunda vez à presidência dos EUA, Donald Trump tem como base de sua política de segurança interna a deportação em massa de imigrantes irregulares. De acordo com o último relatório publicado pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS em inglês), 230 mil brasileiros vivem sem autorização nos Estados Unidos. Os dados foram coletados entre 2018 e 2022.

Os voos com brasileiros deportados chegam exclusivamente no Aeroporto de Confins, na Grande BH. Segundo a Polícia Federal, entre janeiro de 2024 e agosto deste ano, mais de 3.300 brasileiros foram repatriados após a expulsão dos EUA.

Diante desta realidade, a secretária Alê Portela aproveitou a oportunidade de contato com a embaixada americana para pedir uma cooperação na divulgação de informações sobre os mineiros deportados.

“Temos recebido muitos voos de repatriados, solicitamos apoio do governo dos Estados Unidos para termos informações mais precisas sobre esses passageiros. Também solicitamos que familiares não venham em voos separados”, disse à reportagem.

O objetivo de receber as informações de forma antecipada, segundo a secretária, é preparar de forma mais eficiente o amparo aos repatriados. O trabalho de acolhimento aos mineiros é de competência da pasta dentro da estrutura do governo estadual.

O encontro na Sedese aconteceu em meio ao momento de maior tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos no histórico de mais de dois séculos de relação entre os países. Desde agosto, o presidente americano Donald Trump, em apoio a Jair Bolsonaro (PL) e contra a regulamentação de big techs, decretou uma sobretaxa de 50% a produtos brasileiros exportados para os EUA.

O governo americano também decretou medidas contra autoridades brasileiras. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, perderam o visto, por exemplo. Entre os magistrados, Alexandre de Moraes ainda foi sancionado com a Lei Magnitsky, que restringe transações financeiras mediadas por empresas com sede nos Estados Unidos.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.