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Minuta de anistia prevê Bolsonaro elegível em 2026 e fim de processos

Projeto prevê cancelamento de processos, penas e restrições eleitorais a Bolsonaro e apoiadores, gerando resistência no Senado.

Proposta prevê benefícios para Bolsonaro e outros aliados implicados pelos STF

A minuta do projeto de lei da anistia que circula nos bastidores de Brasília prevê que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) volte a ser elegível em 2026. O texto, atribuído ao deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), assegura a suspensão de todas as inelegibilidades impostas pela Justiça Eleitoral, além de extinguir investigações, processos e condenações relacionadas a atos ocorridos desde 14 de março de 2019 até a data de entrada em vigor da lei

.A proposta tem caráter amplo e já divide o Congresso. Enquanto apoiadores dizem contar com maioria para aprovar o texto, lideranças no Senado resistem a estender a medida a Bolsonaro.

O que diz a minuta

  • A anistia alcança manifestações verbais ou escritas consideradas ofensivas a instituições, críticas ao processo eleitoral ou de incentivo à polarização política.
  • Abrange atos de apoio administrativo, logístico ou financeiro a protestos, inclusive acampamentos em frente a quartéis e os episódios de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
  • Inclui crimes previstos no Código Penal, como incitação ao crime, apologia de criminosos, organização criminosa, associação criminosa, constituição de milícia privada e danos ao patrimônio público ou tombado.
  • Extingue processos e investigações derivados de relatórios da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, o que abarca casos de desinformação e fake news eleitorais.

Quem se beneficia

  • Jair Bolsonaro, que poderia disputar as eleições presidenciais de 2026 mesmo que seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
  • Presos e investigados pelos atos de 8 de janeiro.
  • Políticos, militantes e financiadores de manifestações contra o processo eleitoral.
  • Pessoas condenadas por ilícitos civis, administrativos e eleitorais relacionados ao período.
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Quais seriam os efeitos

  • Cancelamento de penas já aplicadas.
  • Arquivamento de investigações e processos em andamento.
  • Afastamento de multas e indenizações, inclusive por danos morais.
  • Suspensão de restrições de direitos impostas pela Justiça.
  • Extinção de inelegibilidades, já declaradas ou futuras.

Resistências no Senado

O líder do PL afirma contar com mais de 300 votos na Câmara e defende que a proposta seja votada após o julgamento de Bolsonaro no STF. No Senado, porém, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), já declarou apoiar apenas uma revisão das penas aplicadas aos condenados do 8 de janeiro, sem estender o benefício ao ex-presidente e seus aliados.

Próximos passos

A minuta deve enfrentar forte debate nas próximas semanas. Se aprovada, a proposta teria efeito imediato e reverteria condenações e processos em curso, reacendendo a disputa entre governistas e oposição em torno da responsabilidade pelos atos antidemocráticos.

Nossos repórteres escrevem todos os dias notas dos bastidores de Brasília
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio