Maior derrotado da noite foi Hugo Motta, avaliam líderes

Presidente da Câmara saiu desmoralizado após votações que mantiveram os mandatos de Glauber Braga e Carla Zambelli, aponta parlamentares

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Líderes partidários avaliaram que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos–PB), saiu desmoralizado das votações dessa quarta-feira (11), que resultaram na manutenção dos mandatos de Glauber Braga (PSOL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP).

Segundo interlocutores ouvidos pela Itatiaia sob sigilo, Motta articulou nos bastidores para que ambos fossem cassados e, por isso, decidiu pautar os processos. Alguns líderes relatam que foram pegos de surpresa com a decisão.

A sessão, porém, ocorreu com quórum reduzido, um fator que foi decisivo para que a Câmara preservasse os dois mandatos, já que são necessários ao menos 257 votos para cassar o mandato de um deputado.

“O grande derrotado da noite foi, sem dúvidas, o presidente Hugo Motta”, disse um líder partidário.

O presidente da Câmara inclusive liberou que os deputados pudessem votar remotamente, mesmo assim os mandatos foram preservados.

Antes do início da votação, parlamentares tratavam a cassação de ambos como praticamente certa. Horas antes da sessão, Glauber circulava pelos corredores com semblante abalado e afirmava que, caso fosse cassado, continuaria sua militância.

O processo contra ele foi o primeiro a ser analisado. O PSOL apresentou um requerimento para substituir a cassação por uma suspensão de seis meses. A proposta foi aprovada por 318 votos a 141 — vitória atribuída, por deputados da oposição, ao baixo quórum.

Com isso, Glauber manteve o mandato, mas cumprirá suspensão. O resultado foi interpretado como uma derrota para Motta, que já vinha fragilizado.

Na terça-feira (9), o deputado do PSOL ocupou a cadeira da presidência em protesto contra a pauta da cassação. A Polícia Legislativa esvaziou o plenário e o retirou à força, episódio que colocou Motta sob críticas e repercutiu fortemente nas redes sociais.

Carla Zambelli

Mesmo com quórum ainda baixo, Motta insistiu na pauta e levou ao plenário a votação da cassação de Carla Zambelli.

Parlamentares da oposição afirmam que ele tentou adiar o início da votação para ganhar tempo e permitir que o quórum aumentasse. Não funcionou.

Apenas 227 deputados votaram pela perda do mandato — 30 a menos do mínimo exigido. A votação ocorreu perto da meia-noite.

Assim, Zambelli manteve o cargo, apesar de ter sido condenada duas vezes pelo STF, que determinara inclusive a perda do mandato.

Nos bastidores, líderes partidários apontam que a manutenção do mandato de Zambelli também representa uma derrota direta para Motta e que a decisão da Câmara deve gerar repercussão por contrariar uma ordem da Suprema Corte.

A Itatiaia procurou Motta para comentar sobre as críticas, mas até o momento não houve retorno. O espaço segue aberto.

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Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.

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