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Câmara aprova urgência de projeto que concede anistia a condenados pelo 8 de janeiro

Texto agora pode ser votado diretamente no plenário, mas ainda não há relator e nem consenso para o conteúdo final da proposta

Plenário da Câmara dos Deputados votou a urgência do projeto de anistia aos condenados de 8 de janeiro

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (17) a urgência para o projeto de lei que concede anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Com a aprovação — por 311 votos a 163 —, o texto poderá ser analisado diretamente no plenário, sem a necessidade de passar pelas comissões. Houve 7 abstenções.

Apesar do avanço, ainda não há consenso sobre o conteúdo final da proposta. Segundo parlamentares ouvidos pela Itatiaia, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve escolher o relator nos próximos dias.

De acordo com fontes, Motta deve optar por um deputado de centro com bom trânsito no Supremo Tribunal Federal (STF).

A urgência aprovada foi em relação ao projeto de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que prevê anistia a pessoas envolvidas em manifestações políticas ocorridas entre 30 de outubro de 2022, data do segundo turno das eleições presidenciais, e a entrada em vigor da lei.

O texto, no entanto, deve sofrer alterações após a escolha do relator e durante as negociações para viabilizar a aprovação da proposta.

A pauta ganhou força após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus pelo STF por tentativa de golpe de Estado. O texto atual não menciona Bolsonaro ou seus aliados diretamente.

Votação conturbada

A votação da urgência foi marcada por forte tensão política e por momentos conturbados. Deputados da base do governo protestaram durante a sessão, gritando “sem anistia” e criticando a decisão de Motta de colocar o tema em pauta.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que crimes contra o Estado Democrático de Direito não podem ser anistiados.

“Depois do 8 de janeiro eles continuaram a escalada contra a democracia. Eduardo Bolsonaro foi aos EUA lutar por sanções contra o Brasil e agora fala até de intervenção militar. Quem vota nessa urgência está comprometendo sua biografia”, afirmou Lindbergh.

Já a oposição comemorou o resultado e respondeu com gritos de “anistia já”. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), defendeu que a medida pode “pacificar o país”.

“Não queremos confronto com as instituições, mas não vamos aceitar um julgamento injusto e político que persegue os opositores de alguns. O que houve foi vingança, não justiça”, declarou.

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Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.
Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.