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Aliado de Bolsonaro alega ter se reunido com Fux para discutir julgamento no STF

O senador, no entanto, não apresentou provas e apagou das redes sociais, logo em seguida, o vídeo publicado nesta quarta-feira (10)

Marcos do Val, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, é investigado desde agosto de 2024.

O senador Marcos do Val (Podemos-ES), afastado do mandato para realizar um tratamento de saúde, publicou nas redes sociais, nesta quarta-feira (10), um vídeo — já removido — em que afirma ter participado de uma suposta “reunião secreta” com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, neste ano.

No conteúdo publicado, o parlamentar alega que o encontro entre os dois teria sido “excelente” e que Fux seria um “cara humano, justo e que não aguentava mais estar calado”.

Marcos do Val também insinuou que teria orientado o magistrado a não concordar com as ações recentes do Supremo, em especial no processo que apura a participação de oito réus — incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — na suposta tentativa de golpe de Estado, com o objetivo de evitar sanções aplicadas contra ministros da Corte pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A publicação foi feita na parte da manhã, quando Fux iniciava a leitura do voto, mas o material já foi removido.

Sem apresentar provas, o senador afirma que o conteúdo do encontro, que teria ocorrido em junho, foi levado à equipe do governo dos EUA durante uma viagem ao país, em julho.

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A viagem ao exterior, realizada sem autorização do Supremo, resultou em novas medidas cautelares impostas a Marcos do Val, por decisão do ministro Alexandre de Moraes. Desde agosto do ano passado, o senador é investigado em um processo que apura a suposta prática de crimes relacionados à obstrução de investigações sobre organização criminosa e à incitação ao crime.

Em agosto, Moraes atendeu a um pedido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), e derrubou quase todas as medidas cautelares impostas ao senador.

No vídeo postado nas redes sociais, Marcos do Val ainda afirma que se reuniria com membros do Departamento de Estado dos EUA para dizer que Fux estaria cumprindo “o que havia prometido”.

Mais de oito horas de leitura

Fux iniciou a leitura do voto nesta quarta-feira, às 9h14. Até o momento, o ministro — que ainda não concluiu — votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro de todos os cinco crimes pelos quais é acusado, divergindo dos votos de Alexandre de Moraes e Flávio Dino.

Até agora, por maioria (três de cinco votos), a única condenação é a do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, pela tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

O ex-presidente e os demais réus ainda podem ser condenados por qualquer um dos crimes pelos quais são acusados, caso haja mais um voto favorável à condenação.

Além de Fux, ainda restam os votos dos ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

A Itatiaia procurou o gabinete do ministro Luiz Fux, mas, até o momento, não obteve retorno.

Jornalista formada pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, na apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.