Ainda sem adesão oficial, Zema defende Propag como a resolução do problema da dívida

Governador mineiro disse que RRF ameniza situação do estado, mas que Propag será a resolução para o débito de R$ 170 bilhões com a União

Ainda sem aderir ao programa, Romeu Zema (Novo) elogiou o Propag nesta segunda-feira (3)

Romeu Zema (Novo) projetou que a adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) resolverá o problema do débito de R$ 170 bilhões de Minas com a União. Durante evento de entrega da Medalha de Honra ao Mérito da Polícia Civil na tarde desta segunda-feira (3), o governador mineiro defendeu o projeto de refinanciamento em fala também elogiosa ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

Aos policiais, categoria que pleiteia a correção de mais de 40% de defasagem salarial, Zema disse que a adesão ao RRF faz com que o estado pague uma parcela menor da dívida com a União, mas que o problema será corrigido de forma definitiva quando o estado trocar o regime pelo Propag.

“Todo mês nós pagamos ao governo federal uma parcela de aproximadamente R$ 500 milhões porque aderimos ao RRF. Se não tivéssemos aderido seriam duas, três vezes esse valor. Com o Propag vamos resolver esse problema. Não fizemos R$ 1,00 de dívida e temos feito só pagar. Espero que com a aprovação do Propag os próximos governadores não governem com a corda no pescoço”, declarou Zema.

A adesão ao programa de refinanciamento está nas mãos do governador desde maio, quando a Assembleia Legislativa (ALMG) aprovou um projeto de lei (PL) do Executivo autorizando-o a deixar o RRF e ingressar no Propag.

Na última semana, durante uma audiência pública na Assembleia, a secretária de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Sílvia Listgarten, afirmou que a adesão ao Propag se dará ‘nos próximos dias’. O governo, no entanto, ainda não definiu uma data para informar ao governo federal que pretende ingressar no programa.

O Propag e o RRF

O Regime de Recuperação Fiscal é um modelo de adequação dos cofres de estados endividados aprovados durante a presidência de Michel Temer (MDB). O RRF prevê uma série de medidas de austeridade financeira que cria limites para investimentos e congela salários de servidores públicos durante nove anos de sua vigência.

A adesão ao RRF foi tratada como a principal bandeira de Zema para resolver a questão fiscal de Minas, mas nunca foi bem aceita na Assembleia. Os deputados jamais votaram o projeto para ingressar no regime e, em agosto de 2024, o estado conseguiu seu objetivo via ação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Enquanto a adesão ao RRF não avançava na Assembleia, o presidente da Casa, Tadeu Martins Leite (MDB), junto a parlamentares da oposição, o governo federal e o então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elaboraram o Propag como uma alternativa para o pagamento real da dívida.

O programa foi aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro de 2024 e regulamentado pelo governo federal em abril deste ano.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisa retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

Mais um ponto percentual é retirado através da contribuição com o Fundo de Equalização Federativa (FEF) destinado a estados que não estão em dívida com a União. Outro ponto pode ser retirado se a economia obtida ao não pagar a cobrança adicional for reinvestida no estado em obras de infraestrutura, educação profissionalizante, segurança pública e outros serviços à população.

Leia também

Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.
Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.

Ouvindo...