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Trump ainda mais radicalizado em relação ao clima pode afetar acordo da COP 30

O Brasil será anfitrião da conferência do clima de 10 a 21 de novembro

A decisão do presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris pela segunda vez apresenta um novo desafio para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – a COP 30 –, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro deste ano.

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Apesar de estar convidado oficialmente para o evento, membros do governo avaliam que Trump dificilmente estará presente. Mas, para além da ausência, a postura do presidente eleito para o seu segundo mandato à frente dos Estados Unidos também revela outros desafios para o Brasil, que sediará o encontro.

O país norte-americano ainda faz parte da Convenção do Clima e é hoje o maior emissor de gás carbônico; por isso, é tradição convidá-lo para a cúpula climática. No entanto, as recentes decisões do presidente colocam em xeque não somente os desafios para a realização de novos acordos climáticos, mas também a garantia de que os países desenvolvidos cumprirão o que já havia sido acordado.

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Segundo a avaliação do coordenador da ONG Contato – que atua em parceria com a Fundação Banco do Brasil para a realização de ações de meio ambiente e combate às desigualdades sociais no Brasil –, Vitor Santana, o momento é de cautela para os países que estarão na mesa de negociação em busca de novas formas de financiamento e preservação do meio ambiente.

“O mundo tem que ter muita serenidade para avaliar [as ações de Trump], porque a gente tem que lutar pelo que a gente consegue fazer. Nós não vamos conseguir controlar Donald Trump, mesmo porque ele é incontrolável e tem toda uma estratégia de destruição. O mais importante é que países comprometidos com a questão se unam com práticas que de fato transformam e preservam o meio ambiente”, avalia.

Postura pode influenciar

A influência das decisões de Trump nos Estados Unidos deve dificultar os planos brasileiros, no que o presidente Lula tem classificado como “a maior conferência do clima da história”.

No mesmo dia em que Trump revogava ações do governo de Joe Biden para o combate à mudança climática, Lula nomeou, no Brasil, o embaixador André Corrêa do Lago para presidir a COP 30. Ciente do desafio, o diplomata reconheceu o impacto da decisão.

“Os EUA são um ator essencial: não são apenas a maior economia, mas também um dos maiores emissores. Trata-se de um país que tem trazido respostas na área do clima por meio de tecnologias e que conta com a participação de diversas empresas nesse debate. Estamos analisando a decisão do presidente Trump, mas não há dúvida de que ela terá um impacto significativo para a COP”, declarou o presidente da conferência à imprensa.

A decisão de Trump era apenas o começo de uma série de ações para reverter as políticas ambientais adotadas, até então, pelos EUA. Na mais recente decisão, na última segunda-feira (10), o presidente dos Estados Unidos assinou uma ordem executiva com o objetivo de incentivar o governo americano e os consumidores a comprar canudos de plástico – medida que vai na contramão dos esforços para reduzir o consumo de plásticos descartáveis.

Lula está pessimista

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na sexta-feira (14), que acredita que o presidente dos Estados Unidos não deve comparecer à COP 30.

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“[Trump] já não assinou o Protocolo de Kyoto, agora saiu do Acordo de Paris e, acho, que nem virá aqui, a Belém, porque eles não querem o compromisso”, declarou Lula durante a apresentação dos investimentos do governo federal para a conferência.

De acordo com o mandatário brasileiro, o Brasil quer “compromisso” e “acredita na ciência” e sabe que o mundo está em uma situação difícil. “Temos medo, porque está chovendo muito onde não chovia, está fazendo muita seca onde sempre choveu, as queimadas estão exageradas e, no lugar onde fazia calor, está fazendo frio e vice-versa”, concluiu

O Acordo de Paris, criado em 2015, é um pacto global que reúne quase todos os países para limitar o aquecimento do planeta a 2°C – com esforço para manter em 1,5°C – por meio da redução das emissões de gases de efeito estufa e de medidas de adaptação às mudanças climáticas. Já o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, obrigava os países desenvolvidos a reduzir suas emissões, sendo um acordo mais restrito e com metas fixas.


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Repórter da Rádio Itatiaia em Brasília atuando na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas Gerais, já teve passagens como repórter e apresentador pela Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor do prêmio CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio.
Jornalista nascida na capital federal. Graduada pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), foi editora de política nos jornais O Tempo e Poder360. É especializada em Língua Portuguesa e Revisão de Texto. Na Itatiaia, é Supervisora de Conteúdo desde fevereiro de 2024.
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