Em evento realizado na cidade de Belém, no Pará, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva defendeu uma transição energética justa para os países em desenvolvimento. A fala ocorre em um momento de debate sobre a possível exploração de petróleo na foz do Amazonas, na Margem Equatorial - medida defendida por Lula, mas criticada por outra ala do governo, na qual está a ministra.
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Marina Silva foi uma das autoridades que discursou nesta sexta-feira (14) durante evento preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, que será sediada em novembro, em Belém. Segundo a ministra, os países desenvolvidos devem dar o primeiro passo no processo de transição energética, com o fim do uso de combustíveis fósseis.
“Ficamos 33 anos discutindo, fazendo as decisões de triplicar a energia renovável, duplicar a eficiência energética, fazer a transição para o fim do uso de combustível fóssil, países produtores, países consumidores, países ricos à frente, países em desenvolvimento em seguida e, ao mesmo tempo, sermos capazes de fazer uma transição justa, sobretudo para os mais vulneráveis”, declarou.
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Contexto
Lula tem sido criticado por ambientalistas por defender abertamente a exploração de petróleo na foz do Amazonas - região no Norte do país com alto potencial de exploração, mas cuja operação pode causar riscos ao meio ambiente.
Mais cedo, em entrevista à Rádio Clube, do Pará, Lula disse que o Brasil tem perdido dinheiro ao deixar de investir em pesquisas na região, enquanto a Petrobras aguarda a liberação das licenças ambientais por parte do Ibama.
“Nós vamos explorar esse petróleo, vamos fazer pesquisa. Nós pagamos uma sonda, US$ 500 mil por dia, você acha pouco? E essa sonda está paralisada. Precisamos colocar ela para funcionar, para fazer pesquisa. Se não achar petróleo, tudo bem, vamos procurar em outro lugar. Mas se tiver, temos que saber como explorá-lo”, disse na ocasião.
O imbróglio fez com que Lula chamasse a demora por parte do Ibama de “lenga-lenga”, o que revoltou os servidores do órgão ambiental.
A Petrobras - empresa que será responsável pelos estudos e pela possível exploração de petróleo na região - prevê investimentos de US$ 3,1 bilhões e a perfuração de 16 poços em toda a extensão da Margem Equatorial, que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte. Contudo, a empresa só tem autorização do Ibama para perfurar dois deles, na Bacia Potiguar, na costa do Rio Grande do Norte.
A estatal argumenta que, além de garantir a segurança energética do Brasil, a extração também impulsionaria a economia no norte do país - tese fortemente abraçada por políticos da região, como o presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União-AP).