Senadores e deputados federais subiram o tom a favor do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em sessão nesta segunda-feira (2), o grupo, que compõe a base de oposição, apontou o que classifica como “ditadura” por parte do magistrado.
O movimento pela deposição se intensificou após o
A oposição usou uma sessão de homenagem ao produtor de caju Jaime Tomaz de Aquino para tecer críticas ao ministro. Foi uma estratégia para aproveitar tempo livre na tribuna do Senado.
Da esquerda para a direita: Eduardo Girão (Novo-CE), Magno Malta (PL-ES), Cleitinho (Republicanos-MG) e Marcel Van Hattem (Novo-RS)
A sessão foi presidida pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) – um dos críticos ao ministro. A sessão começou às 16h30 e foi encerrada às 22h15 – a maior parte do tempo foi usada para críticas ao ministro do STF. A homenagem, em si, durou cerca de 1 hora e 45 minutos.
“Esta sessão especial não tem a ver com esse assunto, mas eu vou abrir a palavra, sim, aos senadores e aos deputados. Quero deixar muito à vontade os familiares, porque eu sei que transcende quem trabalha com a cultura do caju, a cajucultura. Esse assunto é um assunto que transcende; não é exatamente o que norteia, muito pelo contrário, é produção, mas é legítimo aqui”, disse Girão, completando:
“Foi aprovada esta sessão há 20 dias, mais ou menos, e foi uma coincidência estar acontecendo exatamente hoje o que ninguém imaginava que fosse acontecer nesse último final de semana: o cúmulo do bloqueio de uma plataforma que deixa órfãos 22 milhões de brasileiros.”
O primeiro parlamentar a discursar contra Moraes foi o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP). “Quero saudar a família do nosso homenageado de hoje, Jaime Aquino, o Rei do Caju. Agradeço a presença de vocês e os parabenizo pela linda homenagem. Mas, infelizmente, senhor presidente, o motivo de ocupar, pela primeira vez na minha vida, aqui, a tribuna do Senado Federal é absurdo. O Brasil, hoje, vive uma ditadura, nós temos que ter em mente um elemento muito importante: para que o mal prevaleça, basta que os homens de bem permaneçam calados. Não é possível que a ditadura passe despercebida pelo Congresso Nacional, pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados.”
Na sequência, o senador Magno Malta (PL-ES) disse que Moraes tem problema pessoal com o empresário Elon Musk, dono da rede social. “É triste saber que, depois que o ditador da toga, Alexandre de Moraes, vai lá e dá uma canetada nessa situação que envolve o Brasil e que prejudica milhões de pessoas, ele [Moraes] chama para si problemas. E são problemas pessoais! Ele fica inimigo de alguém, ele é inimigo de Elon Musk, ele é desafeto de Elon Musk.”
Relator de uma Proposta de Emenda à Constituição que limita decisões monocráticas (individuais) de ministros de tribunais superior, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) veio na sequência.
“Nós estamos aqui, porque, neste dia de segunda-feira, me parecia que, além desta importante solenidade, era importante que o Senado tratasse do tema mais importante para o Brasil agora, que está fazendo os brasileiros todos chorarem, os que defendem a democracia, a justiça e a liberdade, que é o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. (...) Eu acho que hoje era um dia - além de por esta sessão solene importante - de todos estarem aqui em Brasília, de todos os senadores da República estarem aqui pressionando pelo impeachment do Ministro Alexandre de Moraes, assim como nós deputados estamos tratando, com o Arthur Lira (presidente da Câmara), da CPI do abuso de autoridade e o chamado para o 7 de Setembro.”
O senador mineiro Cleitinho (Republicanos) também discursou. “O que me chama a atenção é que, em 2015, eu estava em frente à TV vendo o impeachment da ex-presidente Dilma, eleita pelo povo. Você votando ou não, ela foi eleita pelo povo. Aí, ministros, que não são eleitos pelo povo, mas, pelo contrário, são indicados pelos políticos que são eleitos pelo povo, não tem senador de peito para poder pedir impeachment desses caras. Pois eu tenho. Eu não tenho medo, como eu já me cansei de falar aqui. Eu entrei aqui pela porta da frente. Eu não fiz nada de errado durante a campanha, durante qualquer mandato meu. Então, eu estou aqui bem tranquilo para poder pedir impeachment de qualquer ministro que seja.”
A sessão também teve participações da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO).