O senador Renan Calheiros (MDB-AL) pretende acionar a Justiça para novas apurações sobre o escândalo de espionagem ilegal operado durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). De acordo com investigações da Polícia Federal, um grupo de aliados do ex-presidente monitorava ilegalmente adversários e desafetos dele, usando equipamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Em publicação no X (antigo Twitter), Renan Calheiros lembra que integrantes da CPI da Pandemia no Senado foram monitorados:
Vou entrar na Justiça, até em cortes internacionais, como assistente da acusação no escândalo Abin. A grampolandia na cúpula da CPI mostra que a investigação pode ter sido embaraçada na ação marginal de órgãos de Estado. Fatos novos para PGR reabrir partes engavetadas por Aras.
— Renan Calheiros (@renancalheiros) July 12, 2024
Investigação
Nesta quinta (11), a PF prendeu cinco pessoas ligadas ao antigo governo por causa de grampos ilegais. A operação foi batizada de ‘Última Milha’, em referência ao software FirstMile, que teria sido usado ilegalmente para espionar políticos, autoridades e jornalistas.
Nesta nova fase, os policiais federais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo.
O foco das investigações agora está nos membros que faziam parte do chamado ‘gabinete do ódio’ - nome dado a um grupo de assessores de Jair Bolsonaro que atuavam no Palácio do Planalto como uma espécie de milícia digital, coordenando ataques direcionados a adversários do ex-presidente.
Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas.
A organização criminosa, segundo atribui a Polícia Federal, também usou a estrutura da Abin para acessar ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.