A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis) divulgou uma nota reclamando do uso do termo “Abin Paralela” em vinculações às investigações da Polícia Federal sobre o uso ilegal de instrumentos de espionagem. Nesta quinta-feira (11), a PF cumpriu novos mandados de prisão e de busca e apreensão contra um grupo que teria utilizado uma ferramenta da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar adversários e desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enquanto ele ainda estava no poder.
A operação foi batizada de ‘Última Milha’,
Na nota, a Intelis diz que há um erro ao vincular o nome da agência a uma estrutura paralela ao Estado, “o que os fatos revelam são pessoas externas às carreiras de Inteligência inseridas no órgão para atuar de forma não republicana”.
“Lamentamos profundamente a repetição cíclica de episódios que sujam a imagem do fundamental aparato de Inteligência de Estado por agentes externos, que depois saem de seus cargos e deixam os ônus de suas ações para os servidores orgânicos. Esperamos que os responsáveis paguem por seus desvios”, diz a entidade na nota.
Foram decretadas as prisões preventivas e o afastamento dos cargos públicos:
- Mateus de Carvalho Sposito;
- Richards Dyer Pozzer;
- Ogério Beraldo de Almeida;
- Marcelo Araújo Bormevet; e
- Giancarlo Gomes Rodrigues.
O grupo teria acesso ao programa de computador comprado pela Abin para o
O programa permite o rastreio do paradeiro de qualquer pessoa. É possível ver o histórico de deslocamentos e criar alertas em tempo real de movimentações em diferentes endereços. O sistema teria sido usado para espionar adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), jornalistas e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Houve uma intensificação desse uso ilegal em 2021.
A ferramenta pede que seja digitado o número do contato telefônico. A partir disso, é possível acompanhar em um mapa a localização do dono do aparelho, com as redes 2G, 3G e 4G.
De acordo com as pesquisas, o grupo utilizava ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.
Os investigados podem responder pelos crimes de: invasão de dispositivo informático alheio; organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.