A Rede Sustentabilidade enfrenta novo capítulo das divergências sobre os rumos do partido em Belo Horizonte. De um lado, está a direção municipal da legenda, que aprovou resolução que fala em abrir mão de candidatura à prefeitura da cidade. Do outro, a deputada estadual Ana Paula Siqueira. A parlamentar contesta o documento e mantém a pré-candidatura a prefeita, amparada em aval da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A resolução aprovada pela Rede entrega ao Psol a tarefa de apresentar uma candidatura única dos dois partidos à Prefeitura de BH. As legendas formam uma federação e, por isso, em termos eleitorais, precisam atuar como se fossem uma única agremiação. Neste momento, a pré-candidata dos pessolistas ao poder Executivo municipal é
“Foi tirada uma resolução interna de que a pessoa candidata da federação é a deputada Bella Gonçalves”, afirma, à Itatiaia, a porta-voz da Rede em BH, Jeanine Vasconcelos. No partido, o cargo de porta-voz tem atribuições similares às de um presidente.
No documento sobre as táticas eleitorais para o pleito belo-horizontino, a Rede estabelece, como prioridade, a ampliação da bancada da legenda na Câmara Municipal. Hoje, o partido tem apenas um dos 41 assentos no Legislativo. A vaga é ocupada por Professora Nara. Gilson Guimarães, que em 2020 foi eleito pela Rede, se mudou recentemente para o PSB.
Apesar da sinalização da direção da Rede que o Psol terá prioridade na apresentação de uma “cabeça” de chapa à prefeitura, a deputada Ana Paula Siqueira continua buscando apoios para fortalecer sua candidatura.
“A pré-candidatura está posta e não será retirada. BH é uma cidade muito importante no Brasil. As decisões sobre nossa prefeitura não se dão só aqui na cidade. São debatidas em âmbito nacional, em uma série de análises”, diz, à reportagem.
Segundo ela, a resolução que fala em abrir mão de candidatura própria é “irrelevante”. Ana Paula afirma que a questão não foi tratada em foro adequado.
“O estatuto da Rede prevê participação dos filiados, prévias em caso de mais de uma candidatura, debates e convenção. Entendo que foi mais um gesto do outro grupo para a prefeitura. A definição de candidaturas se dá na convenção, que só acontece em julho ou agosto”, aponta.
A versão dela, porém, é contestada por outros filiados ao partido, que afirmam que a Rede não tem o costume de promover convenções partidárias.
Duas pré-candidaturas
Na prática, segundo apurou a reportagem, o movimento descarta a pré-candidatura do ex-vice-prefeito Paulo Lamac. Uma das principais lideranças da Rede em Minas, ele se colocou na disputa dias após Ana Paula Siqueira ser lançada por seu grupo político como pré-candidata.
Recentemente, aliás, Lamac assumiu o posto de secretário Municipal de Assuntos Institucionais e Comunicação Social do prefeito Fuad Noman (PSD), que será candidato à reeleição.
O embate na Rede remonta a fevereiro, quando aliados de Lamac com assentos na direção municipal do partido
A renúncia coletiva teve, como pano de fundo, a pré-candidatura de Ana Paula Siqueira. À ocasião, o grupo de Lamac afirmou que o lançamento da pré-campanha da deputada aconteceu sem que houvesse diálogo nas instâncias partidárias. A ala da parlamentar, por sua vez, atribuiu as saídas a uma “retaliação” aos planos eleitorais de Ana Paula.
Ana Paula Siqueira trabalhava na equipe de gabinete de Paulo Lamac quando ele ocupava assento na Assembleia Legislativa. Depois, atuaram juntos na Prefeitura de BH. Agora, caminham em campos distintos.
Embora Ana Paula Siqueira e Bella Gonçalves se posicionem como pré-candidatas, interlocutores afirmam que a definição sobre a líder de uma eventual chapa da federação Psol-Rede não será traumática. Isso porque as deputadas estaduais têm boa relação e convergem em posicionamentos políticos na Assembleia Legislativa.