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Com renúncia coletiva e dois pré-candidatos a prefeito, Rede enfrenta crise interna em BH

Integrantes da direção municipal do partido pediram para deixar os cargos dias após Paulo Lamac e Ana Paula Siqueira manifestarem interesse de disputar pleito de outubro

Lamac e Ana Paula são opções da Rede caso partido decida por candidatura própria em BH

A Rede Sustentabilidade, partido da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfrenta uma crise interna em Belo Horizonte. Nessa quarta-feira (28), integrantes da direção municipal da legenda renunciaram aos postos de comando que ocupavam. A lista de saídas tem Jeanine Vasconcelos, que era uma das porta-vozes da agremiação — cargo que, na Rede, se assemelha ao de presidente.

O embate tem, como pano de fundo, a pré-candidatura da deputada Ana Paula Siqueira à Prefeitura de BH. O grupo que renunciou aos assentos na cúpula da Rede é ligado ao ex-vice-prefeito da capital, Paulo Lamac, que também é pré-candidato ao Executivo municipal.

Do lado do grupo ligado a Lamac, a alegação é que a pré-candidatura de Ana foi lançada sem que houvesse diálogo nas instâncias partidárias. Na mão contrária, a ala próxima à deputada estadual, liderada por Pablo Figueiredo, o outro porta-voz da Rede em BH, diz que a renúncia coletiva aconteceu como “retaliação” aos planos eleitorais da parlamentar.

A disputa nas fileiras belo-horizontinas da Rede reflete embate nacional entre Marina Silva e a ex-senadora Heloísa Helena, uma das porta-vozes da direção nacional da sigla. Marina e Heloísa, aliás, defendem pré-candidaturas distintas em diferentes cidades do país. Em Belo Horizonte, a ministra é simpática à ideia de lançar Ana Paula Siqueira, enquanto o grupo de Lamac orbita em torno de Heloísa.

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Os filiados que decidiram abrir mão dos postos na Executiva municipal da Rede dizem que a ala próxima a Pablo Figueiredo e, consequentemente, a Ana Paula, passaram a tomar decisões “unilaterais” a respeito dos rumos do partido na cidade.

“Apesar de inúmeras tentativas da Porta-voz feminina (Jeanine Vasconcelos) e dos filiados, a Comissão Municipal Provisória (CMP) não apresentou funcionamento regular: não realizou nenhuma reunião (exceto a própria posse), não constituiu GT eleitoral (determinado em resolução específica do Elo Nacional, não se tem notícias da constituição de chapas de vereadores e permanece irregular junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por problemas com relação a prestação de contas”, lê-se em comunicado enviado à Itatiaia.

Segundo a corrente de Jeanine e Lamac, houve “tentativa de instrumentalização” da direção municipal da Rede.

“Esse movimento de ruptura se dá por uma falta de diálogo dentro da (direção) municipal há um ano. A comunicação não é feita internamente, a não ser pela força da mídia”, pontua a ex-porta-voz. “Não houve diálogo. O lançamento da (pré) candidatura foi unilateral e sem construção partidária”, completa.

‘Surpresa’

À reportagem, além de dizer que interpreta o movimento como “retaliação” à possível participação de Ana Paula Siqueira na corrida eleitoral de BH, Pablo Figueiredo afirmou ter sido surpreendido com a renúncia em bloco dos correligionários.

Segundo ele, as alegações de Jeanine Vasconcelos são “inverídicas” e que sempre houve diálogo interno.

“A deputada informou à Executiva estadual (sobre a pré-candidatura em BH). Na reunião do diretório nacional, as duas pré-candidaturas foram lidas”, afirma.

Ele ainda refuta a acusação de privar outras alas da legenda de ter informações sobre os rumos da agremiação.

“Semanalmente, conversamos sobre questões financeiras do partido”, garante.

Além de Jeanine Vasconcelos, responsáveis pelo setor financeiro da Rede em BH também deixaram os cargos. Ficaram vagos, também, as coordenadorias de organização, formação e comunicação do diretório municipal.

Pablo Figueiredo diz que ainda não houve notificação formal à direção do partido em BH. Segundo ele, até que isso aconteça, os trabalhos seguirão normalmente.

Jeanine, por sua vez, afirma que a Executiva estadual do partido deve chamar uma assembleia para tomar uma decisão a respeito do futuro do comando da Rede em BH.

Ex-aliados em campos opostos

Ana Paula Siqueira trabalhava na equipe de gabinete de Paulo Lamac quando ele ocupava assento na Assembleia Legislativa. Depois, atuaram juntos na Prefeitura de BH. Agora, eles caminham em campos distintos.

Em que pese o embate interno, a Rede forma uma federação partidária com o Psol, que já formalizou a pré-candidatura da deputada estadual Bella Gonçalves à Prefeitura de BH. Portanto, as duas legendas terão de chegar a um consenso e optar por um dos três pré-candidatos — ou, então, acordar apoio a uma chapa encabeçada por outra agremiação.

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Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.